O dia amanhecera há pouco e parecia que o Sol iria torná-lo um dia radioso, apesar da neve que ainda cobria as veredas e os cantos mais sombrios.
Aqui e ali uma porta se abria dando passagem a alguém que tinha madrugado o corpo, trazendo saudades da cama, piscando os olhos para a claridade da manhã.
Esfregavam-se as mãos para afastar as frieiras e o cieiro viera para ficar até à primavera, mas o ar era límpido, ausente da poluição das grandes cidades.
Ele viera de longe à procura dum olvido, duma cura, apenas com a energia suficiente para respirar cada dia que assim nascia e que era vivido dolorosamente.
Atrás ficara uma vida de alegria e bem-estar, de pessoa sem preocupações de espécie alguma até àquele desafortunado fim-de-semana, no princípio tão promissor.
Estava já tão longe no tempo, mas tão perto ainda na sua angústia. E acordara cedo e bem disposto nesse sábado, talvez por que o dia estava programado de modo a não haver falhas nos projectos. Iria à ginástica e faria uma sessão de massagem, depois de uma semana trabalhosa era o que lhe apetecia e lhe faria bem. Almoçaria sozinho, no restaurante do costume, pois um pouco de rotina lhe proporcionaria calma e tempo para ler o semanário que o esperava no banco ao lado. A seguir, depois de uma volta pelas lojas de que era cliente assíduo, a prova do último fato no alfaiate.
Mandar lavar o carro e vestir-se para o jantar combinado apenas o ocuparia o tempo necessário antes do seu encontro no bar dum Hotel para um aperitivo. Lá chegado, verificou que afinal era o primeiro, o que lhe dava ainda tempo para um telefonema.
Foi quando tudo desmoronou à sua volta com grande estrondo, o chão fugiu qual passadeira rolante e já no chão tudo ficou negro…uma bomba tinha rebentado no átrio do Hotel.
(continua)
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