3.12.04

Foi Natal

A menina de quem o pai diria mais tarde ao noivo:
tome bem conta dela que é uma mulher muito sensível..., dormia no andar de cima, na casa da avó.
E era bem verdade, tão sensível era que noite em que acordasse quando o pai chegava tarde a casa, era noite de zanga entre os pais.
Começava por ouvir o pai batendo as portas e logo a seguir a voz da mãe bem alto mas sem palavras, pois era mais um choro que lamento.
Nunca o pai levantara a mão para sua mãe, nunca ouvira que ele a insultasse, mas as discussões eram cada vez mais assíduas e mais graves.
Os tempos eram difíceis pois na Europa prolongava-se uma guerra que já se alastrava para leste.
Os racionamentos eram para todos os produtos essenciais e bichas formavam-se às portas das mercearias e estabelecimentos afins.
As crianças crescem depressa nestas condições e esta menina, apesar da pouca idade, começava a compreender que alguma coisa muito errada e muito séria se passava em casa de seus pais.
E foi naquela noite de Natal que a zanga maior separou pai e mãe, pois ele, disse, tinha negócios lá fora a tratar.
O Menino, em suas palhas deitado, deve ter estremecido!
A mãe só disse: negócios na noite de Natal?!
As crianças, a menina e seu irmão, olhavam tristes um para o outro, prevendo zanga grossa...
O pai acabou por sair, batendo a porta, a mãe ficou a chorar enquanto as crianças se iam deitar sem que o Menino Jesus tivesse chegado!
E foi por isso que a menina ainda hoje não gosta do Natal!

1 comentário:

Anónimo disse...

Mi- Th...Por razões que ainda não percebi tb não simpatizo com a época natalícia... Choses!