28.4.07

É tempo...


É o tempo da idade…

Da idade de todas as acalmias, em que ainda se sonha poder um dia alcançar aquele cume agreste duma grande paixão ou duma vida cheia de grandes aquisições. É um caminho com curva e contracurva, com grandes ladeiras e acentuadas descidas. É a idade dos netos, dos casamentos desfeitos, da procura da amizade por companhia.
É a terceira idade!
É também a idade das desistências, das expectativas frustradas, do arrumar das grandes ambições e de nos contentarmos com as reais apostas, a real existência dum corpo que pede vagares e repousos.
Voltamos a ver os choros e sorrisos dos nossos bebés, sejam eles netos ou bisnetos, a ouvir as palavras mal articuladas de quem quer falar e ainda não sabe que a sabedoria está, não nas palavras bem ditas, mas no modo como elas são empregues.
É a idade em que começamos a ter saudades dos nossos mortos, a quem gostaríamos às vezes de fazer perguntas, mas que nos deixaram o lugar vazio, dificilmente preenchido por uma outra afeição. Começamos a pensar que legado vamos nós deixar aos que chegado o momento, não muito distante já, herdarão de nós.
Por isso temos que tomar a bagagem que acumulamos toda uma vida e viajar cada dia com a certeza que ele é único naquilo que nos oferece e naquilo que poderemos fazer por nós e pelos outros.



Há quem discorde de mim...no no ras-te-parta

27.4.07

Divagações



A corredoria dos dias, a corrida das horas!
O pensamento que ficou lá atrás porque seguimos à procura, sem vivermos o nosso corpo que está presente.
Um tempo sem tempo no queixume do passado...
A pressa de chegar ao ponto que nos ultrapassa no instante que já foi...

O tempo arrancado na tempestade dos dias, no torvelinho da pressa.

Quero a pausa que vem dos fins de tarde amenos, da meia luz do ensonado dia.

21.4.07

Recapitulando


E sim, se calhar ando a fazer tudo ao contrário, tudo em pikinhês, em tamanho doméstico, de dona de casa preocupada com a limpeza da escrita e não com o seu conteúdo, com a arrumação das palavras e não com o que elas possam transmitir.
Se calhar refugio-me num "não vale muito a pena" e aconchego-me no "dolce fare niente" da preguiça mental que caracteriza a meia idade, a que pertenço, mas à qual quero fugir, de todas as formas, para me manter lúcida e produtiva.

Hoje já são 26 e nikles...a vida continua no seu ram-ram, sem grandes percalços, como é que, me digam, como é que sem me meter em politiquices, de política pouco entendo, quem entende?, vou arranjar assunto de interesse para um blog, onde toda a gente procura alimento para a mente, ou para se divertir?

Pois vai assim mesmo, vou procurar uma foto que eu tenha tirado e que valha a pena, o que duvido.
As minhas unhas! as que eu não tenho para postar...

11.4.07

Encantamento

Fui ver ontem o filme de Luis Galvão Teles "dot.com" e saí da sala de cinema encantada não só com o filme como com o local das rodagens, nada menos que a Vila de Dornes, que vos aconselho a ver, pelo menos neste TRAILER ou no BLOG que lhe é dedicado.



Como disse já, mais do que uma vez, não tenho saberes para fazer crítica ou um comentário mais técnico do filme, mas achei o filme uma delícia, um bem disposto retrato do povo português, fresco, bem humorado, sem cair na laracha fácil ou gratuita.
A Vila é sem dúvida a actriz merecedora de um prémio, mas todos os outros se passeiam com muito à vontade e naturalidade pelos personagens.

Vão ver e depois digam-me se não sentiram ali um gostinho a uma nova "Aldeia da Roupa Branca" ou a um "Cinema Paraíso" e uma remeniscência do antigo cinema italiano.

9.4.07

Webenigma 52


É um amigo que a vida me deu neste entardecer dos tempos, que me é tão caro como se o conhecesse desde menina, desde crianças brincando no jardim da idade.
PARABÉNS!
Que o futuro te dê alegrias e aquelas coisas simples que fazem com que a nossa vida seja uma harmonia.
Eu te dou a minha amizade num abraço,
theo

1.4.07

Terras de Água




Hoje, dia das mentiras, dia dos enganos, faz 35 anos que deixei a minha terra e vim morar para Lisboa.
De Paranhos, no Porto, para Miraflores.
Estávamos em 1972 e já sentia em mim uma espécie de revolução interior que me levaria mais tarde, em 74, a cortar amarras e a assumir a mulher que existia dentro de mim e que sou hoje.
No meio do caos que se instalou na minha casa com toda a mudança que tinha de ser feita duma só vez para 300 quilómetros a sul, o desespero tomou conta de mim e foi em pranto que deixei tudo para trás a caminho da capital, no meu Fiat 600, apenas com os meus arranjos de flores.
Renasci nesta cidade, mas não por causa dela, a força veio de dentro, duma urgência de viver que apenas estava adormecida em mim.
Terras de Mar, ali nasci, cresci, fui criança, adolescente e jovem mãe, aqui avó e bisavó, aqui respiro os dias, aqui esgoto as horas…