28.8.13





Ligações

Tinham já ultrapassado os anos das angústias, da procura dum outro, idealizado, da paixão ou mesmo do Amor, ambos tinham enfrentado a possibilidade de terem um encontro com a harmonia.
Sem o saberem tinham viajado só porque sim, porque era verão, para fugir à rotina, ao bulício das cidades onde viviam, apetecia-lhes o verde. O verde dos campos sem fim, com papoilas que iriam mais tarde fertilizar solos e eram tema de fotos para mostrar aos amigos.
Viajavam sós, como quem quer trazer na bagagem apenas uma muda de roupa, umas chaves para voltar e pouco mais…
Raul tivera, desde Janeiro, que enfrentar o fim duma relação de alguns anos, a separação do filho cujas asas o levaram para longe carregando um projecto promissor e um pequeno problema de saúde.
Eduarda, vivia sozinha na sua viuvez de longos anos, apaziguados nos raros momentos de prazer, que de algum físico pouco tinham de sentimentos.
Raul caminhava horas a fio e só parava quando estava cansado e pés doridos, aí se quedava a olhar as montanhas, os prados verdes e os girassóis ao longe!
Não procurava nada, mas sempre esperou encontrar alguma coisa, e finalmente quando voltou para o seu estúdio empoeirado sentiu que afinal tinha valido a pena, porque se sentia que tinha ultrapassado uma fronteira, a do torpor mental e físico junto com a decisão de mais não procurar.
Quando Eduarda, carregando sacos de compras no mercadozinho da esquina, depois de umas férias desastrosas e já na sua nova casa, tropeçou no sinal de “Seguir em Frente” não imaginou que ele apenas estava ali, à porta de Raul, para que ambos se olhassem depois de ele a ter ajudado a levantar-se e compreendessem que sempre esperamos o carinho para continuar o resto do caminho.

theo, 28 de Agosto de 2013


(Para o José A) 
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