20.9.13

Um conto para Andreia




Um conto para Andreia

 

Tinha um sorriso no rosto como quem acaba de vir de férias, que era o caso. Gostou de voltar ao trabalho, ao convívio dos colegas. Naquele primeiro dia tinha conversado, contado pormenores da estada em Espanha com o marido e filhote. Ricardo tinha agora 4 anos e apesar de lhe ocupar muito tempo e atenção não conseguia separar-se dele nem nas curtas férias fora de Portugal.

Durante aquela primeira manhã ficou a par de todo o expediente atrasado, atendeu alguns clientes, nada de muito complicado. Trabalhava já há alguns anos no ramo e sentia-se à vontade com os meandros dos processos.

À hora de almoço juntou-se a uma amiga que trabalhava ali perto e ambas foram ao Centro comercial comer algo ligeiro, o tempo não era muito e uma dieta depois de muitas refeições em restaurantes era o mais indicado e o que mais lhe apetecia.

Uma volta rápida pelas montras, tudo em saldos, algumas novidades já para o Inverno, mas nada que a tentasse.

Quando voltou a sentar-se à secretária já tinha duas pessoas para atender, uma com um caso simples de pagamento duma factura em atraso e uma reclamação. Tinha vindo de férias, a manhã tinha corrido bem, a conversa ao almoço fora agradável, mas não só por isso, era seu lema ouvir atentamente as queixas que lhe eram apresentadas. Infelizmente este caso era complicado e era necessário que o chefe analisasse o assunto, apaziguou o cliente e comprometeu-se dar-lhe notícias logo que fosse possível, com a promessa de que lhe daria a prioridade que merecia.

A terceira pessoa a entrar era uma senhora de idade, acompanhada da filha, que queria alterar um contrato que tinha com a Companhia e que, disse, lhe era difícil de cumprir na situação actual. Depois de simulações, escolhas e decisões lá chegaram a acordo e até se falou de internet, de opções, ocupações, sim, que as saudáveis relações comerciais sempre deveriam ser assim.

Assinado que foi o contrato a contento de todos, cliente e companhia, Andreia sorriu o seu sorriso lindo, que nada tinha de profissional, mas humano face à senhora cuja idade lhe fazia lembrar sua avó. Sorria ainda quando já à saída Dona Th lhe prometeu escrever uma pequena “estória” e mandar-lhe por email. Sorria ainda quando ao jantar, depois de deitar o filho, contou ao marido aquele encontro, a promessa de que era céptica por tudo o que a vida lhe tinha ensinado.

 

Andreia, às vezes nós precisamos de acreditar para sentirmos o que é a felicidade, por que ela está na confiança e na Paz!

 

(como lhe disse, sem grandes correcções, deixei que os dedos pousados no teclado me levassem neste gostoso cumprimento de uma singela promessa. Seja Feliz!)

 

Escrito às 2,06 h do dia 20-09-2013 por Theo Leiroz Biel

28.8.13





Ligações

Tinham já ultrapassado os anos das angústias, da procura dum outro, idealizado, da paixão ou mesmo do Amor, ambos tinham enfrentado a possibilidade de terem um encontro com a harmonia.
Sem o saberem tinham viajado só porque sim, porque era verão, para fugir à rotina, ao bulício das cidades onde viviam, apetecia-lhes o verde. O verde dos campos sem fim, com papoilas que iriam mais tarde fertilizar solos e eram tema de fotos para mostrar aos amigos.
Viajavam sós, como quem quer trazer na bagagem apenas uma muda de roupa, umas chaves para voltar e pouco mais…
Raul tivera, desde Janeiro, que enfrentar o fim duma relação de alguns anos, a separação do filho cujas asas o levaram para longe carregando um projecto promissor e um pequeno problema de saúde.
Eduarda, vivia sozinha na sua viuvez de longos anos, apaziguados nos raros momentos de prazer, que de algum físico pouco tinham de sentimentos.
Raul caminhava horas a fio e só parava quando estava cansado e pés doridos, aí se quedava a olhar as montanhas, os prados verdes e os girassóis ao longe!
Não procurava nada, mas sempre esperou encontrar alguma coisa, e finalmente quando voltou para o seu estúdio empoeirado sentiu que afinal tinha valido a pena, porque se sentia que tinha ultrapassado uma fronteira, a do torpor mental e físico junto com a decisão de mais não procurar.
Quando Eduarda, carregando sacos de compras no mercadozinho da esquina, depois de umas férias desastrosas e já na sua nova casa, tropeçou no sinal de “Seguir em Frente” não imaginou que ele apenas estava ali, à porta de Raul, para que ambos se olhassem depois de ele a ter ajudado a levantar-se e compreendessem que sempre esperamos o carinho para continuar o resto do caminho.

theo, 28 de Agosto de 2013


(Para o José A) 
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  (=º_º=)
   (")_(")theo