13.11.04

Amiga

Pousou o auscultador, mão segurando o queixo, quedou-se pensativa...
o pedido surpreendera-a de tal maneira que se esquecera momentãneamente do problema que a angustiava há uns dias.
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Eram amigas desde miúdas, festinhas de aniversário, lanchinhos ocasionais, mães que iam à missa juntas e se mandavam postais ilustrados quando iam de férias.
Mais tarde, casadas e com filhos continuaram a se visitar, partilhar piscinas e sessões de cinema; mas foi quando as coisas começaram a correr mal e já depois de divorciada que ela conheceu os verdadeiros amigos, as pessoas de grandes janelas abertas que eles eram.
Desde que mudara de cidade pouco os via e aquele pedido pela interurbana era estranho, mas parecia muito pensado e urgente!
Ele estava a sair de uma estranha depressão que o tinha impedido até de pintar, seu passatempo preferido!
e agora ele sentia que tinha de sair, viajar, olhar a luz de outros horizontes e ela tinha sido a escolhida pelos dois para sua companheira de viagem.
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A amiga ainda viveu os anos suficientes para sentir o quanto era preciosa aquela amizade.
Ele voltou a casar, mas nunca esqueceu aquela viagem com aquela que sempre tinha sido a sua paixão!
Ela...ela ficou emocionalmente mais rica, embora por ventura mais triste! chora ainda hoje a perda daquela que tinha sido o exemplo de altruismo e bondade, que tão poucas vezes encontramos nos caminhos da vida!

1 comentário:

Carlos Gil disse...

A amizade... quanto vale? tudo, incluindo um bom naco da nossa felicidade