22.9.05

Como as cerejas

Os blogs são como as cerejas, daí que depois da minha volta diária pelo agualisa3, passei, pela mão do JT, para
coisas de África, donde tirei este excelente Poema:

MÃE NEGRA







A mãe negra embala o filho.
Canta a remota canção
Que seus avós já cantavam
Em noites sem madrugada.
Canta, canta para o céu
Tão estrelado e festivo.
É para o céu que ela canta,
Que o céu
Às vezes também é negro.
No céu
Tão estrelado e festivo
Não há branco, não há preto,
Não há vermelho e amarelo.
- Todos são anjos e santos
Guardados por mãos divinas.
A mãe negra não tem casa
Nem carinhos de ninguém...
A mãe negra é triste, triste,
E tem um filho nos braços...
Mas olha o céu estrelado
E de repente sorri.
Parece-lhe que cada estrela
É uma mão acenando
Com simpatia e saudade...

Aguinaldo Fonseca in Primeiro Livro de Poesia
(selecção de Sophia de Mello Breyner Andresen)

3 comentários:

Anónimo disse...

vPoema arrebatador, tão triste como verdadeiro!
O pior é que são milhões de mães negras...

Madalena disse...

Lindo, Theo!

Leonor disse...

os blogs sao como as cerejas. são sim.

theo
o jogo nao está esquecido mas ando com os dias de pantanas. ja interrompi a minha "viagem" uma vez...

já bandonei por uns tempos os meus amigos...

estou a voltar...
e depois coloco aquele jogo que eu achei girissimo...
mas sou capaz de alterá-lo um bocadinho

beijinhos da leonor