3.4.05

Meia Luz

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Na cozinha a azáfama era grande. Pelos sons e cheiros se adivinhava petisco apurado a que boas risadas iriam dar por certo melhor sabor.
Foi directamente para o quarto e sentou-se à pequena escrevaninha onde era costume tomar os seus apontamentos e começou a missiva mais dramáticamente difícil que alguma vez lhe tinha sido necessário escrever. Na semana seguinte embarcou para Itália, alegando negócio urgente.
Só voltaria dois anos e meio depois.
Antes de partir colocou a carta no correio, não queria estar acessível quando Gustavo a recebesse.
Ajustou o cinto, pronta para a decolagem, rompendo definitivamente com aquele passado recente de que guardaria mesmo assim uma doce e gostosa memória.
Em casa ficaram a filha e uma amiga, que lhe faria companhia enquanto viajava, pensando ela que seriam apenas alguns dias.
Pouco a pouco foi aceitando a ausencia da mãe e organizando a sua vida, com a ajuda da Teresa e do pai, que embora casado de novo era presente quando necessário.
Finalmente chegou o dia do regresso, o CD iria sair em breve, o trabalho tinha sido complicado, demorado e nem sempre auspicioso, mas lá estava e de certeza que com um pouco de sorte e publicidade iria ser bem aceite pelo público e pela crítica.
O projecto seguinte já estava à espera no Brasil. Ainda não se sentia capaz de permanecer muito tempo em Portugal.
(o final para breve)

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