7.4.05

Luz crepuscular

....................
Maria Ana, vivendo muito tempo com Teresa, acabou por não ter namorado, depois de uma má experiência decidiu dedicar-se à pintura e à escrita; a companhia de Teresa e a amizade de Gustavo preenchiam a sua necessidade de afecto e a rotina diária deslizava sem grandes solavancos e o pai era sempre uma boa achega.
Gustavo estivera algum tempo afastado, depois da partida da mãe, algo se tinha passado com eles na casa à beira mar; acabaram por se encontrar por acaso e reataram a velha amizade e confidentes que eram, breve voltaram ao antigo convívio.
Foi Gustavo quem primeiro desconfiou das tendências homossexuais de Maria Ana, desde aquele "beijo-teste" no Inverno passado na casa da praia; ele teimava que beijar um homem ou uma mulher era a mesma coisa, se fecharmos os olhos...não chegaram a nenhuma conclusão, mas riram muito e Gustavo ficou convencido desde então que a ela, beijos de homem, jamais, pela reacção que teve e pela relação de quase amor com Teresa.
Pouco falavam da mãe, era tema doloroso para ambos, por enquanto. Ele tinha-se sentido preterido a favor de uma carreira auspiciosa, dizia-lhe ela na carta...
Gustavo tinha viajado quando Irene fez a apresentação do CD no Porto e quando voltou já ela tinha partido para o Brasil, evitando assim uma explicação desconfortável pelo modo como se tinha ausentado havia mais de dois anos. Não se veriam mais, muito embora, sem o saber, se tenham quase cruzado no calçadão, no Rio.
Assim se faz saber que Maria Ana nunca beijou Gustavo por estar apaixonada por ele.
Gustavo nunca esqueceu Irene e nunca compreendeu aquela carta naquela manhã.
Irene sempre teve dúvidas se teria feito a coisa acertada, e o seu êxito não compensou nunca a perda do seu último amor.
Teresa, conhecemos mal, mas não há dúvida que foi de grande apoio a Maria Ana e continua com ela, pelo que nos foi dado saber.
Um dia, se encontrar Irene por aí, vou-lhe perguntar porque seu cantar é tão triste!

Sem comentários: