30.11.04

Ondas

Tinha olhos pequeninos, de criança assustada, como se tivesse passado a infância a piscar de medo.
Era, no entanto, no geral, uma pessoa agradável e com o raro dom de irradiar calma e confiança.
Para completar era bem disposto e de um humor contagiante.
Foi portanto fácil para ela enamorar-se, deixar-se envolver pelo ambiente de descontracção que sempre predomina nestes cruzeiros de férias.
Começaram por tomar um aperitivo juntos, juntaram-se na mesma mesa e passavam ao salão, onde assistiam já inseparáveis ao espectáculo da noite.
Mas era ao entardecer, já de fatos mais cuidados, prontos para o jantar, que no piano-bar se deixavam envolver pela magia da música e pela luz do Sol deitando-se em lençóis de Mar.
Entre confidências, mergulhos na piscina e em terra a ronda dos bazares, tornaram-se bons amigos.
Mas chegou o tempo que tinha de chegar, o das despedidas e como sempre acontece, promessas de encontros e mensagens...
Apesar das saudades que já sentiam, desceram as escadas sorridentes, piscando o olho
No porto esperava-os os companheiros, respectivamente o João e o Eduardo.

Esconder

Não conseguia estar concentrada por mais esforço que fizesse.
Tinham-lhe dado a notícia pouco antes de sair de casa, apanhada de surpresa apenas balbuciara um sussurrado obrigada.
E agora estava ali sem saber ao certo qual o melhor caminho a tomar.
Precisava antes de mais de pedir dispensa mal o chefe chegasse, passar pelo Banco, levantar dinheiro e ver como estava a sua conta.
Precisava pensar, precisava pensar...
Afinal planeara tudo tão meticulosamente...como era possível ter-lhe escapado tão óbvio pormenor.
Precisava pensar, precisava pensar...
Tomaria nessa mesma noite um comboio para o Norte, e que diria ao marido?
Precisava pensar, precisava pensar…
A última vez que estivera com Alice parecia que tudo estava bem; tinham ido as duas ver a menina e tinha a certeza não deixara escapar o endereço do colégio onde ela estava.
Tinham combinado que seria assim para o resto da vida e agora vinham lhe dizer que a menina fora levada pela mãe.
Sem poder ter filhos e na perspectiva de ficar sem o marido, tinha proposto à sua amante ficar com a criança com a condição de ele não saber da sua existência e Alice se afastar para sempre.
Agora sentia que estava tudo perdido, como é que se não tinha lembrado…o caderno onde a menina fazia os desenhos e mostrara muito contente tinha o timbre do colégio!

aqui há gato




Gato a querer sair da jaula?

Não, Cleo a querer entrar!



29.11.04

Públicas virtudes...

Raramente saía de casa!
Raramente fazia fosse o que fosse, para além de comandar as duas criadas de dentro e uma mulher que vinha cada dois dias da semana.
Vestia austeramente e nunca um cabelo se atreveria a sair do alinhamento predefinido.
Nunca usava pintura alguma no rosto e perfumes apenas aquela Lavanda que comprava na farmácia.
Fazia questão de lavar ela mesma, na casa de banho junto ao seu quarto, as peças íntimas de roupa interior, que pendurava na varanda que dava para as traseiras da quinta.
Foi por isso com espanto e incredulidade que no dia seguinte a ser internada, de urgência, foram encontrar no varal improvisado não uma, mas duas cuecas de homem, daquelas que já ninguém usa e para cúmulo tendo ao lado, como namorando, duas calcinhas de renda encarnadas!

A Fuga

Todos os dias, depois de tomar o pequeno-almoço, punha-se a caminho da praia!
Todos os dias o mesmo ritual, como eram rituais e monótonos os seus dias de mulher, bem casada e sem filhos.
Pelo caminho ia absorvendo cores e aromas, mas mesmo desviando um pouco ao fim de algum tempo já os conhecia a todos e até os antecipava.
Chegada à praia, tirava os sapatos e percorria a orla do mar até chegar às rochas, lá ao fundo.
Voltava…voltava sempre!
Naquele dia não voltou; ainda de sapatos na mão, com o olhar procurando o horizonte, foi entrando de mansinho e deixou-se banhar por esse mar imenso.
Ninguém a viu desaparecer por detrás das rochas.
As buscas foram infrutíferas; até hoje, já lá vão mais de 30 anos, ninguém soube ao certo o que terá acontecido.
Mas numa pequena aldeia piscatória, em Espanha, perto da fronteira, uma mulher sorri sempre que alguém fala de afogados.
Abana a cabeça e só diz:
Quiçá, quiçá…

27.11.04

Subitamente!

Tenho saudades do meu desejo,
que nesse desejo ia toda uma vida que esmorece.
Tenho saudades da labareda que me acendia,
e nesse fogo aceso me queimava.
Eu me procuro e não me encontro já!
A nostalgia é clima que adormece os sonhos!
Não procures em mim o que em mim castraste!

26.11.04

A Família

Era uma mulher estranha, sobre a qual uma vizinha menos esclarecida dissera um dia, que era fufa, só metia homens lá em casa…
A verdade é que tinha muitos amigos homossexuais!
Percorrera o caminho normal duma rapariga na sua época, casara, tivera filhos, em 74 separou-se.
Era amiga da ex-mulher do ex-marido de quem este tinha dois filhos e da actual com um filho.
A filha, por sua vez, separada também, era amiga do ex-marido e de sua companheira, amiga era também da mulher de quem ele tivera um filho.
O filho casara com a mãe da menina de quem era baby-sitter, tiveram um menino mais tarde, mas acabaram por se divorciar, não deixando no entanto de ser bons amigos
No último Natal ela fez questão de juntar todos:
O filho, a actual companheira, a ex-mulher e seus filhos.
A filha, o marido, o ex-marido e sua companheira, a filha e namorado.
O ex-marido, seus cinco filhos com a sua mulher e sua ex-companheira.
Morreu feliz, como pedira, serenamente enquanto dormia.
Lá fora festejava-se a passagem do milénio!

25.11.04

A Espera

Chegaste de improviso, como aquele filho pródigo cujo rosto foi esquecido.
A casa estava calma, quieta, com escuros nos cantos e a sombra dos ausentes cuja saudade é perpétua.
Era urgente fazer reviver o que tinha adormecido com a tua ausência.
Colher flores ao jardim da esperança, encher taças de alegria.
Abriram-se janelas para a floresta em Primavera, cortinas foram afastadas para que a luz suave do amanhecer desse toque de encanto às palavras que trocamos.
Percorreste a casa, serenamente acompanhei teus passos.
Dissemos de nós enquanto companheiros do alvorecer. Os meus pensamentos não tinham futuro, estava inebriada de presente.
Tu eras virgem, meu desejo te esperava,
Mas tu partiste!

24.11.04

Acordei!


Acordei!
Sinto desejos de ti na minha carne,
Saudades dos teus abraços
Nos meus braços,
Saudades do teu corpo

Na orla dos meus cabelos
Dos teus dedos gestos ternos,
Nos meus, beijos que guardo
Nos meus olhos e recordo
Quando só; saudades de ti já tenho

Ondas de desejo acendeste
Na minha pele
No meu ventre te deitaste, e sonhos povoaste
Com luxúrias insofridas.

Vem,
Queda-te em mim
Como um repouso, um bálsamo

E deixa-me ser eu em ti,
O abrigo!

( versão 2004 de um escrito antigo )

23.11.04

Insónia

Na alta madrugada
Abraço o vazio,
Vestida de farrapos
De invernos passados.
Mas a quietude vem
Num sorriso de eternidade,
De infinito, de ternura também,
De humana tristeza.

th em 31/05/1976

BUSTO


BUSTO
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A BELEZA É O BÁLSAMO,
O CRIADOR O ALQUIMISTA!

DANÇA


É NO TANGO QUE ÁS VEZES

NOSSA ALMA SE ESPELHA!

TANGO CANALHA

HOJE!

Hoje não vou desenhar o que escrevo, vou deixar que os dedos acariciem as teclas como gostaria de te acariciar o rosto, a tua boca, as tuas mãos...deixar que dedos e teclas se casem num amor fugidio e pleno, num voo de ave rasando as águas, pairando sobre as ondas! Ondas de gritos sufocados num soluçar que trucida e magoa.
Hoje vou deixar que doa escrever, talvez por que só assim me liberte de mansinho do que é velho em mim e me aflige.
Hoje vou deixar bailar os dedos numa dança de tango canalha, que a vida às vezes é sorrateira e escorregadiamente deslumbrante, que o é na beleza e no fantástico.
Hoje é deste estado, estando e ausentada, que pinto com paletas de tons cinza e roxo, que escoam dedos afora qual lacrima-nostra!
Hoje, o ontem que amanhã esqueci!



20.11.04

Conto SÓ

A manhã estava límpida, de ar transparente e morno, com ligeira brisa.
Tinha pois todo o tempo para fazer o que se propunha fazer, de mansinho, apreciando cada passo.
Desceu o Chiado, onde já não vinha há imenso tempo, por que seria? Não conseguia lembrar-se da última vez que descera por ali depois de um café tomado na Brasileira, na companhia da Maria, teria sido?...
Abanou a cabeça, sacudindo dúvidas que o que importava agora era a Rua Augusta, para onde ia, buscando cores e formas, tudo era tão monótono de há uns tempos para cá…
Quem lhe tinha levado as mantas p’ra fealdade? Como poder olhar em volta e só ver desamores! Tinha que tapar tudo com cores alegres, amarelos…desta vez levaria tudo amarelo, com um pouco de laranja, da cor do Sol.
Começou então a ouvir passos atrás de si e acelerou as passadas, que eram miudinhas, de criança e voltou-se uma vez ou duas para ver quem a seguia…só sombras!
Apertou o saco ao peito e continuou o caminho, agora mais desconfiada, olhando por cima do ombro…mas as pessoas passavam por ela e seguiam, algumas riam, outras abanavam a cabeça e pareciam zangadas.não as entendia, falavam baixo e parecia em outra língua que não era a sua.
Perguntou que horas eram, encolheram os ombros e abanaram a cabeça, como quem não quer saber e depois começaram a empurra-la, encostou-se à parede e defendeu-se com os braços, não queria que lhe batessem e começou a chorar…
E ainda chorava baixinho quando a descobriram no vão de escada, onde se escondera, só com a camisa de dormir vestida e um saco para água quente agarrado ao peito.
A manhã ficara mais triste e a vida mais sombria…

NO TEMPO

QUANDO NÃO TENHO PARA ONDE IR

VAGUEIO PELA LOUCURA!

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kuskas.

18.11.04

Tributo

Era, naquela altura, uma mulher de meia-idade, que aos quarenta já se não era muito novo.
Pessoa austera, tanto quanto me lembro, e não sei como seria um sorriso nos seus lábios finos, de quem não está lá muito bem com a vida.
O retrato, à distância de 65 anos pode não corresponder ao real, mas a impressão que deixou em mim, essa é que é a verdadeira.
Na sala do primeiro andar ministrava saberes que mais tarde exigia no papel, preto no branco, em caligrafia aprimorada, de quem sabe o que está a fazer.
Ela era a extensão harmoniosa da casa de minha mãe, com um lugar para cada coisa e cada coisa no seu lugar, regra que foi cartilha na minha vida até há pouco, quando deixei de ter espaço para cada coisa e coloquei prioritariamente os afectos no seu lugar!
Com ela aprendi a pensar, a desfolhar a flor de mil folhas que é a da sabedoria.
Podia não sorrir, mas nos transmitia confiança, segurança e nos sentíamos gratas pelas coisas bonitas que íamos aprendendo…o A E I O U.
Quando fiz o exame da 4ª classe não só sabia ler e escrever, como a tabuada, somar, diminuir, multiplicar e dividir… pelos outros o que ela nos tinha dado. E tinha aprendido, muito mais importante que isso, o caminho para a aprendizagem, que ainda hoje percorro.
Era assim a D. Maria Macário, a minha professora da 1ª classe.

16.11.04

EU E A MINHA AVÓ LAURA LAURENTINA


DODO E AVÓ LAURA
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Um dia em 1940

A avó levantou-se cedo, como era o habitual, à hora em que o padeiro metia o pão no saco, à porta.
Dali a nada era a leiteira e precisava de estar vestida para a atender.
Atiçou o lume, que de Inverno ficava sempre aceso, para aquecer um pouco a casa, que era grande e não tinha lareira; mais tarde mandaria buscar o borralho para acender o braseiro.
Precisava de ir à mercearia, comprar ¼ (125 gr.) de manteiga que a que fazia em casa com as natas de ferver o leite já estava rançosa, embora numa tigela dentro de água, como de costume. Compraria também uma penca para o cozido de Domingo, decerto a hortaliceira estava doente pois há dois dias não aparecia.
Do talho apenas precisava da carne para cozer e uns bifes que deviam ser entalidos em azeite, para não se estragarem.
Da “fressureira” apenas os enchidos, e talvez umas tripas enfarinhadas.

Iria fazer uma estravagancia, comprar uns morangos temporões.
A Água da caldeira do fogão estava bem quente para se lavar e fazer o café.
Vestiu-se, penteou-se e pôs um pouco de pó de arroz.
Precisava de comprar umas meias de lã, que as do ano anterior já estavam muito passajadas, uma combinação e uns lenços de assoar.
Depois das compras iria acender o ferro para passar a blusa e uma pecinhas que deixara de véspera por passar com o ferro de mão.
À tarde iria fazer uma visita à Sra. D., saber novidades e jogar o loto; levaria a neta com ela, como já era hábito.
Chá e torradas seriam servidos à merenda e leite com bolachas para os meninos, no jardim.
Depois do jantar, uma sopa apenas, tinha que ir ao Teatro dar uma injecção à fadista por causa da voz.
A colcha de croché que andava a fazer para a neta teria que esperar pelo dia seguinte.
Rezou o terço e deitou-se cedo, depois de por o bacalhau de molho para dali a dois dias.
Tinha tido um dia muito agitado e adormecera rápido na cama de folhelho bem aquecida com a botija de água quente.
( os anos passam, mas os “cheiros” ficam…)


Os blogs dos amigos

venham comigo visitar este

mais este outro

e ainda e este tambem

e se pensam que esqueci o dela, estão enganados

se mais não coloco é por que não sei

15.11.04

O encontro

Tinha a mala pronta há já uns dias.
Separada do companheiro por imperativos profissionais, tardava a hora do reencontro.
Esperava o telefonema que o fizera prometer que seria diário, ele às vezes até exagerava, e rindo, repetia a dose.
Estava pronta para sair; esta noite queria encontrar-se com os amigos numa espécie de despedida.
O telefonema foi rápido, mas as palavras suficientes para preencher os vazios e inseguranças que um divórcio mal resolvido deixara. Alguém tocava à porta, era a sua boleia.
Já a noite ia a meio quando “ele” apareceu e foi “ele” que a levou a casa, pois estava sem transporte.
Há muito que se olhavam de longe mas só agora uma amiga comum os tinha apresentado.
-quer subir para um último whisky?
Ele subiu e ficaram a conversar, esquecendo as horas.
Separaram-se alta a madrugada.
………..
passara as últimas horas a recuperar da viagem, mas feliz por encontrar o mesmo calor amoroso nos braços do companheiro querido.
Agora sentia que o podia entender melhor, que o conhecia melhor…
-ah, sabes meu amor quem conheci na última noite que saí com a malta? -falamos imenso de ti…
-o teu pai, é um cavalheiro, um velhote ainda rijo e muito simpático,
e foi com ternura que se olharam, afinal agora eram uma família
!

Já Sei!


foi o dono deste
href="deste'>http://novoxicuembo.blogspot.com/">deste
blog que me ensinou...

MAL...



13.11.04

A 4ª Garça

Pensávamos que tinha encontrado o caminho de casa,
num inevitável destino de felicidade!
Fora dela o primeiro beijo, o primeiro namoro.
Mas na taça da vida as coisas se misturam e dão lugar a sabores diferentes,
Às vezes amargo-doce…
Os braços que a abraçavam agora eram meigos, dos amigos!
Abriu a janela e ficou à escuta de ouvir passarinho cantar, ela sabe que um dia ele virá.


Amiga

Pousou o auscultador, mão segurando o queixo, quedou-se pensativa...
o pedido surpreendera-a de tal maneira que se esquecera momentãneamente do problema que a angustiava há uns dias.
................................
Eram amigas desde miúdas, festinhas de aniversário, lanchinhos ocasionais, mães que iam à missa juntas e se mandavam postais ilustrados quando iam de férias.
Mais tarde, casadas e com filhos continuaram a se visitar, partilhar piscinas e sessões de cinema; mas foi quando as coisas começaram a correr mal e já depois de divorciada que ela conheceu os verdadeiros amigos, as pessoas de grandes janelas abertas que eles eram.
Desde que mudara de cidade pouco os via e aquele pedido pela interurbana era estranho, mas parecia muito pensado e urgente!
Ele estava a sair de uma estranha depressão que o tinha impedido até de pintar, seu passatempo preferido!
e agora ele sentia que tinha de sair, viajar, olhar a luz de outros horizontes e ela tinha sido a escolhida pelos dois para sua companheira de viagem.
.....................................
A amiga ainda viveu os anos suficientes para sentir o quanto era preciosa aquela amizade.
Ele voltou a casar, mas nunca esqueceu aquela viagem com aquela que sempre tinha sido a sua paixão!
Ela...ela ficou emocionalmente mais rica, embora por ventura mais triste! chora ainda hoje a perda daquela que tinha sido o exemplo de altruismo e bondade, que tão poucas vezes encontramos nos caminhos da vida!

12.11.04

as três garças

eram as mulheres mais estranhas do grupo
-sonhava a mais nova que as palavras eram para justiçar injustiças!
-a segunda procurava nas palavras o destino das suas paixões!
-e que dizer da mais velha? estendia ideias como quem expõe artesanato!
faziam cantiga de roda em ecos de sentimentos...
eram assim as três Garças!

o preço...

tinha saído para jantar e disfrutar da noite de sábado com amigos, e embora não fôsse sua intenção de início, acabara por passar pelo "Parque", já tarde, de madrugada.
..........
fugiu, correu para casa e bateu à porta... ela abriu, estremunhada, e sorriu espantada com o aspecto dele.
-que aconteceu amiguinho?
( unia-os grande cumplicidade, antes mesmo de partilharem o T2 perto da baixa )
ele encostou-se à ombreira da porta, ofegante ainda, e mostrou-lhe duas notas, amarrotadas...
-ele pensou que eu era...
-riu, meio divertido, meio envergonhado
-é para ti, faz o que quiseres com isso
riram juntos e foram cada um para o seu quarto\

11.11.04

Classe!

o restaurante estava cheio e os três sentaram-se na salinha, à espera.
não queriam jantar, disseram, apenas um café para a senhora.
-que não, senhores,não era possível, ali só serviam jantares
-pergunte ao gerente, pediram
-que não, senhores, que só serviam jantares
os empregados giravam lestos, havia gente à espera de mesa.
mas os três continuavam lá...até que um dos cavalheiros se levantou e pediu uma mesa, iriam jantar...disse
encomendaram dois pratos de peixe, que não comeram, e um café para a senhora...
(como eu admiro pessoas com classe)

10.11.04

o trio

eram três amigos inseparáveis
-ela estava apaixonada pelo gay,
-que gostava do rapaz,
-que andava perdido de amores por ela...
mas a vida...
-o gay morreu com sida,
-o rapaz casou com uma rapariga que nada tinha a ver com eles,
-e ela está sózinha...mas não só...
os dois continuam amigos e se gostam muito!

template

estou a tentar mudar o aspecto, para condizer mais com uma sebenta

um acto de amor

ainda bem que se sentou aqui, menina, estava com mêdo que fôsse aquele...
ela sorriu e acenou com a cabeça num gesto cúmplice.
e sentada à janela do comboio a velhinha confidenciou que já tinha tirado os "ouros", pois o caminho da estação até a casa, a pé, era escuro e longo.
a "menina" olhou a idosa e enterneceu-se, lembrava-lhe a mãe, já falecida.
saíram na mesma estação e foi cada uma para seu lado, enquanto a jovem se metia no carro, estacionado mesmo ali, a velha senhora seguia devagar junto à linha, lembrando-lhe mais uma vez a figura da mãe.
tinha percorrido poucos metros e parou!
entre, disse, esticando o braço e abrindo-lha a porta do lado do passageiro.
depois de a deixar à porta de casa,feliz, entregue à filha e aos netos retomou o seu caminho.
chegou a casa, cansada mas contente...bebeu um café e só então
abriu a carteira e despejou em cima da mesa o espólio desse dia, conseguido à custa de uns tantos empurrões nos transportes públicos...

o bilhete por usar

arrumou o carro sem pensar em multas, e correu para a bilheteira
-preciso de um bilhete da sessão das 14 h, pediu,
(depois do almoço foram para casa dele)
-um lugar qualquer, é possível?
(tinha sido uma decisão impensada; sexo ocasional, à pressa , mecanico...)
agora sabia que amava mais ainda o companheiro de alguns anos, não o queria perder; o bilhete era o seu alibi!
com o bilhete na mão voltou para o carro e rumou a casa...
horas mais tarde, quando finalmente foi desencarcerada, ainda segurava na mão crispada o bilhete que não fôra usado...........

9.11.04

Sem Compensação

Estavam prontos para sair, os miúdos resmungavam por cada um querer ir sentado , no carro, do lado da janela donde se via o mar.
Ela abraçou o marido e pediu-lhe ajuda...ajuda para esquecer o homem por quem se tinha apaixonado. Ele afastou-a, friamente, e disse :
só tu te podes ajudar!
Durante o almoço, à beira rio,e por que se falou na compra de uma mota, ela prometeu contribuir e foi quando o marido disse " é para me compensares? " ao que ela retorquiu: "nada do que eu possa fazer te pode restituir o dia de ontem". foi então que as lágrimas rolaram e se sentiu mais só...

Pecar na Meia Idade!

Ela acordou com a sensação de que tinha tido, ainda meio a dormir, um daqueles semi-orgasmos esquisitos para o que lhe bastava apertar as pernas e deixar-se ir...e sem saber por quê ou por que não começou a trabalhar a ideia de se seria pecado ter sexo sem ser para procriar. O que dizia a igreja a respeito? e o sexo depois da menopausa?
Lentamente colocou as meias de renda e pensou no homem que a esperava, para um almoço, a 20 kms dali...

a sina de hoje

É não somente o impulso continuando de Jupiter e de Venus suas vendas e sua causa - estão dando-lhe a confiança extra também. O curso e o negócio ultramarino são well-starred por alguma hora no futuro. Sobre segunda-feira, os trines Netuno de Venus e põem-no no toque com o tipo dos povos que o inspirarão - assim que permita-se que seja tocado. Saturno gira retrograde no cancer, que pode também trazer atrasa a determinados aspectos de sua trabalho ou programação diária. Mas isto demasiado ajudar-lhe-á descobrir o que você realmente quer para yourself.

a minha sina

Isto é sina minha...não lhe chamo praga por que é uma andança engraçada esta de seguir sempre, desde o dia 3 de Janeiro deste ano, atrás do Sr. Gil...
Só queria mesmo fazer um comentário no seu novo Xicuembo e eis que me vejo metida em "assados"...
Olha já estou como o outro- se já está ...deixa estar, depois logo se vê...lol.
Não sei se ainda existem sebentas, aqueles caderninhos onde se faziam os rascunhos antes de passar a limpo em letra cuidada e correcções feitas, redacções ou trabalhos da escola. Pois, de qualquer maneira, assim vai ser.
GENTE VAMO-NOS DIVERTIR!