8.10.05

O Noivado

nivosEra uma roda-viva de última hora!
A baixela estava a chegar, as vitualhas viriam mais tarde.
A festa prometia ser um acontecimento bem sucedido, para isso contribuíram os esforços de todos, pai, irmãos, tios e afins.
Roberta estava feliz e nervosa, como é de costume as noivas estarem.
Levantara-se cedo, tinha ido ao cabeleireiro antes do pequeno-almoço e quando saíra eram já horas do almoço, que tomou com a avó, num restaurantezinho perto da praça onde ela vivia. Há hábitos que custam a passar. Apesar de estar viúva desde os 62 anos, a avó não deixara de fazer as mesmas coisas que fazia enquanto casada, após o tempo de luto, bem entendido. O almoço no restaurante da praceta era um deles.
Suspirou fundo para banir pensamentos menos adequados a dia tão glorioso, como decerto seria aquele.
Com mãos trémulas a avó colocou-lhe na lapela do casaco uma pequena jóia que tinha por sua vez recebido de sua
mãe, antes de morrer. E assim se faz a passagem de testemunhos, numa continuidade de gestos e intenções.
Tinha sido propositadamente que se tinha encontrado com aquela avó, que adorava, ela lhe transmitia serenidade, paz…ela não iria à festa, tinha-se desculpado com um argumento que não dava lugar a recusa…queria estar perto, sem mais ninguém. Roberta não só aceitou como compreendia muito bem o ponto de vista da avó.
Também ela gostaria de estar perto do seu noivo, sem mais ninguém, mas o pai insistira; afinal era filha única e a mãe fizera pressão, embora há já muito tempo que se separara deles para seguir uma carreira que a tinha levado para longe.
Quando regressou a casa já as tendas tinham sido erguidas, as mesas postas, o bar pronto a funcionar, criados se movimentando com cadeiras, arranjos de flores e velas e alguém se tinha encarregue dos cartões dos convidados com as marcações dos lugares nas mesas.
Visto que nenhuma ajuda era necessária retirou-se para o seu quarto, onde fez dois telefonemas e se preparou para mergulhar num banho gostoso e relaxante.
Já estava pronta antes mesmo de chegarem os primeiros convidados, a família recebendo a família do noivo. Colocou no decote generoso o alfinete que a avó lhe dera, para a ter presente.
A mãe chegou, bela como sempre, inigualável, rodeada dos seus colaboradores e alguns convidados.
O pedido de casamento seria só para oficializar uma relação há muito aceite pelas duas famílias.
Por tudo isto e depois de um casamento faustoso na quinta dos pais do noivo, celebrado na capela pelo pároco da aldeia, que ainda pertencia á família, seria de esperar que a conclusão seria “E Viveram Felizes para Sempre”, mas assim não foi…

1 comentário:

Mocho Falante disse...

A vida nem sempre é generosa...

e o que parece vir a ser perfeito nem sempre se mostra dessa forma

queremos a continuação sff