10.9.05

De Mim

3 Junho 007aaaCheguei à conclusão que estou satisfeita por ter aceite em mim as várias fases e aspectos da minha vida.
Tendo interiorizado uma educação pequeno-burguesa do norte do País, da terra de que se dizia ser a do “parece mal”, refiro-me à cidade do Porto, foi muito difícil ultrapassar certos tabus e regras. A acrescentar a esta situação e para dificultar mais a minha adolescência estava o facto de os meus pais serem divorciados, que era um rótulo muito pouco recomendável. O sentimento de vergonha estava colado a quem era filho de pais divorciados, de tal maneira que demorou a contar ao namorado, não fosse ele fugir quando soubesse. Felizmente ele tinha uns tios que o eram de maneira que a nódoa era dos dois lados…
Na verdade, disse-me um psicólogo que consultei mais tarde, os casais tendem a repetir os divórcios de seus antepassados. Facto interessante é que eu me divorciei mais tarde tanto como filha e filho, coincidência? Vá-se lá saber…
E assim, mais tarde, foi contra toda a educação que recebi (olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço), que eu mesma tomei a iniciativa de me separar daquele que tinha sido o meu marido durante 19 anos e com quem tinha namorado uns compridos quatro. As razões são muito pessoais e muito difíceis de explicar, visto que não houve aqui infidelidades ou coisa parecida.
Eu sufocava e precisava de respirar, SÓ!
Sempre defendi o Pai em relação aos meus filhos e pugnei pela boa convivência entre eles, e o facto é que consegui evitar cisões na família e uma harmonia entre todos, pouco comum.
Em miúda era uma criança muito calada, para o que contribuiu por certo o rompimento dos meus pais, muito conflituoso, e o período da II Grande Guerra, com as dificuldades inerentes. Vejo-me nessa altura como uma menina triste, sensível e necessitada de bens e carinho.
Ainda não era senhora de mim quando casei, virgem e pudica.
Boa dona de casa e a melhor mãe que soube ser, só muito mais tarde me descobri. Mas continuava triste, sensível, necessitada de carinho e pudica.
Após o 25 de Abril, como para muita gente, aliás, os ares da liberdade eram mais fortes e a vida cá fora era uma atracção irresistível!
Quando dentro de um casal há um elemento que segue em frente e outro que fica a marcar passo…o divórcio é mais que certo, principalmente se quem progrediu foi a mulher. A união não se compadece com este desequilíbrio! Quando a insegurança de um o leva a ser prepotente e recusar pôr em causa os seus pontos de vista, a ruptura é certa.
Quando me divorciei analisei e me interroguei sobre todas as coisas, estava a nascer para a vida, a dar os primeiros passos duma existência a desabrochar.
Evidentemente que dei as minhas cabeçadas, esmurrei coração e sentimentos como qualquer ente que se embrenhe em Liberdade, na senda das descobertas.
Se voltasse atrás faria de outra maneira? Claro que sim ou não tivesse aprendido nada…mas não lamento o que vivi, pois tirei ensinamentos e fi-lo com integridade. De mim, os meus filhos, receberam esse exemplo, foi isso que eu lhes transmiti, foi essa a minha dádiva. E depois eu sempre estive disponível para eles, pois além de nunca ter voltado a casar, nunca mais coabitei com ninguém. Tudo aquilo que fiz, de bem e de mal, é minha responsabilidade, os danos que por ventura causei foram minimizados com o Amor que sempre acompanhou qualquer atitude minha.
A razão que me levou a escrever este post foi o ter sido “acusada” de nunca me ter entregue abertamente, e por certo isso nunca irá acontecer, por timidez e precaução.
Assim é que não vou entrar em pormenores escusados, apenas mostrar o ser social normalmente bem aceite, com percurso de vida talvez não muito diferente do seu, minha amiga, que me lê.
Está agora na hora de aceitar a minha velhice, já vai sendo tempo, já que sou bisavó e o corpo me vai atraiçoando.
Quero deixar a minha marca, não para não ser esquecida pois sei que o não serei, mas para ajudar os outros a ultrapassar a minha perda.
Vivi, como amei, o melhor que soube e quis e neste momento é urgente que o faça, como costumo dizer, devagar que tenho press
a!

(este post é dedicado a um amigo muito especial, que trouxe recentemente Vida à minha vida.)

7 comentários:

Anónimo disse...
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Carlos Gil disse...
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Anónimo disse...

O que é cixita????? Ups! Mi, aquele abraço.

Anónimo disse...
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th disse...

Vcs desculpem, mas ao apagar os spam apaguei tb o comentário do Gil, vou-lhe pedir para escrever de novo. th

Luisa Hingá disse...

Theo quando eu for grande quero ser como tu.
Beijinhos

Anónimo disse...

Th, pôe um anti-spam. Pergunta ao 'legendas' como é - beijo, IO.