3.5.05

Cadáveres Esquisitos (1)


JOSNES


É Um assunto que me tem seguido quando penso fazer um post. E digo seguido, porque me parece uma sombra, que me pressiona e de que quero falar como se de uma sessão de terapia se tratasse.
Na verdade são dois os assuntos, e bem diferentes.

Não se apoquentem que não há cadáveres nos armários ou “encimentados”na cave, na verdade trata-se de um jogo, e que sr. jogo…
Tomam-se alguns amigos, convém que pelo menos um seja íntimo e outro com poucas afinidades (que há amigos assim, apenas pelo prazer de vadiar juntos).
Preparam-se cadernos e com que escrever, tudo serve…cigarros, cinzeiros, bebidas e já agora uma vela e uns pauzinhos de cheiro, que o ambiente vai animar.
Um dos presentes faz as perguntas, em geral 7, mas não na totalidades i.e., se quiser perguntar, por ex.,
-serias capaz de gostar de uma tarde cinzenta? Apenas dirá – serias capaz de
No final é lida a pergunta por inteiro e as respostas de cada um.
Ora as respostas tanto podem ser do mais disparatado possível como revelar, e aqui é que está o maravilhoso por vezes, uma cumplicidade, um conhecimento do outro, uma sintonia inesperada.
Tenho guardado “cadáveres esquisitos” de há quase 30 anos atrás e sempre me maravilho com o que leio, há-os perfeitamente inspirados.
O tempo dos “Cadáveres Esquisitos” foi um tempo de liberdade recém estreada, dele me recordo como se a personagem principal fosse uma miúda que acabasse de se emancipar, porque era disso que no fundo se tratava.

Falei de dois assuntos e o segundo tem mais a ver com”Cadáveres no Baú”.
Foi ao procurar no meu baú de fotos que me deparei com a triste realidade de me confrontar com os meus “mortos”, de tantos amigos e familiares de quem já não poderei ouvir respostas às minhas dúvidas, mas tenho a subterrânea convicção que um dia, ao virar duma esquina, a gente vai poder olhar-se e sorrir…!
É que, injustamente ou não, quantos mais anos nós vivemos, mais distantes estamos dos que amamos, mas a saudade está ali ao lado…
Por isso temos que agarrar o Tempo, fotografá-lo, para podermos guardar, armazenando-o, o tempo de hoje.
A foto é de ONTEM


PS.: E se eu perguntar...
-como será? (o resto da pergunta segue um dia destes, entretanto, para não haver dúvidas, vou mandar um mail para um outro endereço meu com a pergunta completa, valeu?).
Respondam nos comentários, vamos ver o que "isto" dá...

9 comentários:

Mocho Falante disse...

Ora cá estou eu e pelos vistos a reponder à pergunta de tão tentador jogo:

Como será que no futuro vamos lembrar os nossos mortos?
Provalvmente não vamos. Quando nos convertermos apenas em matéria, quando a vida nos dirigir apenas sobre objectivos de produção, quando os valores sociais estiverem ainda mais gastos, nessa altura, os nossos mortos não passam de meras lembranças muito vagas.

Nessa altura já não quero estar por cá, pois a vida, a minha vida também se rege por muitas recordações

Anónimo disse...

Para o "cavaco" aqui estou, th, com a sua permissão.

Aproveito aquilo que o comentador anterior pensou ser a pergunta - dou-lhe uma ligeira reconfiguração - e respondo:

P: Como será que no futuro vamos lembrar os idos e aquilo que já colapsou?

R: Partindo do princípio de que "o paraíso é exactamente igual ao mundo, só que ligeiramente diferente", recordá-los-emos como paraísos perdidos, porque, então, como agora, só saberemos fazer o que já fazemos: reduzir o passado a mito.

E&E

th disse...

Uma dica:
não tentem imaginar a pergunta, respondam por impulso, é inesperado, vão ver.
Abração, th

lobices disse...

...como será?
...será exactamente da forma que eu entender que seja; será da forma que eu inventar; será da forma que eu desejar; será, apenas uma forma de vir a ser...

Anónimo disse...

A forma correcta de participar no jogo é como Lobices fez:
-P:como será ?
-R:será....
Talvez eu não tenha explicado bem.
Kiss,
th

Anónimo disse...

P: Como será?

R: Convicta de que "o paraíso é exactamente igual ao mundo, só que ligeiramente diferente", recordaremos o passado e o presente como paraísos perdidos, porque, no futuro, como agora, só saberemos fazer o que já fazemos: reduzir o tempo a mito.

E&E

Madalena disse...

Como será que um dia vou poder contar outra vez ao meu pai esta coisa dos blogues?
É que eu sinto o mesmo que tu Th:
"tenho a subterrânea convicção que um dia, ao virar duma esquina, a gente vai poder olhar-se e sorrir…!"
Nem saberia dizê-lo tão bem!
Um beijinho vivo

Bastet disse...

Será como dizes, reencontrar-nos-emos para que de novo possamos disfrutar em paz da companhia dos que mais amamos.

Carlos Gil disse...

... o dia de 'amanhã'?

R: Hoje é ainda hoje, vamos com calma e viver um dia de cada vez.