17.3.05

O Desafio

Era Agosto em 1975, ainda não fizera um ano que eu tinha decidido caminhar sozinha, mas desta vez juntei-me a 4 amigos e lá fomos, estrada fora rumo à Grécia, onde estava destinado que não chegaríamos no meu pequeno Fiat 600, ainda por liquidar.
Saímos de Lisboa no último dia de Julho e antes de chegarmos a Milão várias estórias eu teria para vos contar se esse fosse o intuito deste post, que não é.
Só como apontamento vos digo que desde termos que fugir de um louco apaixonado que nos perseguiu de táxi pela noite dentro, das enxurradas que fez transbordar rios a assistir estupefactos à paixão emergente entre dois dos nossos companheiros…tudo era encarado com aquele desprendimento de quem acabara de readquirir a Liberdade!
Chegamos a Milão ao fim da tarde de um Domingo, Piazza D’Uomo, encantados com a alegria da praça onde crianças brincavam, mães empurravam seus carrinhos de bebés, namorados abraçados passeavam, resolvemos procurar Pensão onde descansar corpos doridos de dormidas em sacos cama ao relento, nas bermas das estradas. Eu era a única que dormia dentro do carro, muito encolhida no banco de trás, pronta para arrancar e pedir ajuda, se fosse caso disso.
Encontrada a Pensão, quisemos saber se poderíamos trazer para mais perto a viatura…
-o quê? Deixaram a “máquina” na Piazza D’Uomo???
Ainda riamos quando chegamos ao local onde aparcamos meia hora antes o Fiat-600, carregado com nossos haveres…e só encontramos o local…vazio!
Depois da queixa na polícia, o que daria um outro post hilariante, recolhemos à Pensão, sem roupa, dois de nós sem passaporte, mas convencidos ainda que na manhã seguinte iríamos encontrar o nosso único meio de transporte, como se achar um Fiat em Itália não fosse o mesmo que encontrar uma agulha em palheiro…
Ninguém dormiu direito essa noite, não que nos preocupasse o roubo do carro, não, é que a Pensão onde nos levou nossos passos toda a noite era ninho de amores vadios, múltiplos e barulhentos.
De Milão lembro-me pois de Quartel de polícia, Pensão de putas e da gare de caminho de ferro onde embarcamos no comboio para regressar à Pátria onde o ar nos trazia ainda o cheiro a cravos.

3 comentários:

Anónimo disse...

Sou, decididamente, a única gaja que já foi a Roma uma pipa de vezes (e nunca fez nada para ver o Papa, e, apesar de ter dormido no chão que calhou, às vezes com a mochila a fazer de almofada (para poupar no cacifo), NUNCA foi roubada nem bota acima nem bota abaixo! _ beijo, IO.

Margarida Bonvalot disse...

Ops!, só agora consigo chegar aos comentários...
Raio de azar, hem? Uma férias que tudo de bom prometiam, a acabar dessa forma!
Mas venha o post sobre as aventuras na polícia, a propósito do roubo do fiat, e as outras, que essa viagem parecia ter sido feita só para o divertimento. Abraço.

th disse...

É, vou passar a comentar os comentários, é simpático. Por mim imagino que é bom encontar uma palavra de "ok, li"...beijos para as duas, talvez consiga contar mais umas coisas desta viagem.
th