Mas a vida é extraordinária em surpresas, a ficção por vezes é pobre em conteúdo para retratar certos passos do destino...
…Nessa manhã o Sol raiou mais forte, o ar estava mais límpido devido às chuvas dos dias anteriores e os sons eram quase alegres.
Pela porta da varanda, aberta de par em par, entrava uma brisa fresca que apenas fazia esvoaçar as cortinas leves de cambraia.
Ligou o computador, que lhe deu os bons dias! (sorria de todas as vezes que olhava o ecrã e se dispunha a começar a escrever) e o velho ritual começava:
…………………….
Júlio pouco a pouco deixou de procurar casa, comprou um carro e sempre que via Madalena ensimesmada com qualquer coisa convidava-a para um almoço, um passeio, qualquer pretexto era bom para a tirar de casa. Agora, sem a filha, o tempo era longo e difícil de preencher.
Nessa noite, particularmente, Madalena estava calada e o seu ar triste dava a entender que os seus pensamentos tinham o peso da saudade.
Júlio limitava-se a olhar de soslaio e enquanto lia o jornal ia pensando numa maneira de a tirar desse estado que muito o afligia.
Viajar! Era isso, viajar ir lhes ia fazer bem!
Beatriz tinha ido viver para a quinta da família do marido e raramente vinha visitá-los, estava na altura de irem até lá.
E assim foi, Madalena aceitou bem a viagem, ficariam uns dias até que de novo a cidade os chamasse.
E as cores voltaram ao rosto de Madalena e o sorriso aos seus lábios e até teve por momentos vontade de voltar a escrever, descrever o ambiente bucólico propício a um verdadeiro romance.
Pouco tempo depois do regresso da quinta começou a sentir-se muito fraca e dois meses depois, antes mesmo de ver o neto que iria nascer, partiu suavemente, deixando Júlio mergulhado numa profunda apatia!
………….
Mário entrou, sem bater, e debruçou-se sobre o ombro da sua mulher pedindo licença para ler o que ela escrevia no computador.
Meio hesitante disse que sim, embora soubesse que ele lhe iria fazer a mesma pergunta de sempre:
Esse aí sou eu, não é, esse Júlio; querida já é tempo de olhares para a frente, esquece a tua irmã, eu nunca a amei realmente, fomos companheiros por um tempo, foi só… e depois, riu, não havia necessidade de a matares! Ela vai de certeza ler o teu romance e não vai ficar nada satisfeita com o seu destino…
Isaura sorriu e prometeu pensar no assunto, antes de se levantar e abraçar o marido apenas teve tempo de escrever:
(continua)
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1 comentário:
Puxa, ainda falam do batráquio......comentar aqui ou no do Gil é difícil!... mas como gosto de ti, estive acordada até esta hora a tentar...beijo grande, theo!!, IO.
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