27.1.05

Memórias

Era a primeira vez que se iam encontrar depois do divórcio e apesar de tudo se ter resolvido da melhor maneira, mesmo assim, ainda estava apreensiva.
Tinha vindo a mentalizar-se de que a relação estava definitivamente arquivada e titulada.
Os meses passados tinham sido de férias, o Sol e a boa companhia tinham feito o milagre de sarar feridas e fazer despertar a alegria de viver em paz.
Sentia-se revigorada e pronta para um ano de trabalho que a ajudaria a ultrapassar os últimos degraus da mágoa por que tinha passado ao ver desfeito um casamento de dez anos.
Os filhos não vieram dar alegria ao casal, mas também não tinham constituído problema a quando da separação.
Antecipou a ida ao cabeleireiro para se sentir mais confortável e escolheu um fato que sabia de antemão o Pedro gostava e a blusa fazia realçar o azul dos olhos.
Olhou-se ao espelho e deu-se conta de repente que afinal ainda lhe era importante a opinião do marido...ex-marido.
A escritura estava marcada para dali a uma hora, pelo que ainda tinha tempo para passar uma última vista de olhos pelo contrato que ambos prometeram assinar.
................................................
-Mãe! Onde está o fato de treino que eu ontem comprei na feira?
-Foi para lavar, por quê?
-Preciso dele para amanhã, achas que seca a tempo?
-Seca, é fino e está calor.
-Mãe...a escrever de novo? Voltaste às tuas memórias
-Sim, quero pensar numa maneira de expressar o que penso em relação às pessoas, ao seu relacionamento; eu e o teu pai chegamos a estar divorciados, como sabes, e quando pensava que a relação estava acabada eis que uma chamazinha se acendeu, foi um olhar, uma cumplicidade, sei lá...
Afinal ainda tínhamos muito amor para dar ao outro, acho que o que sofremos com a separação nos fez crescer e ver que ainda valia a pena tentar de novo, estávamos mais tranquilos, menos expectantes, mais seguros de nós e a um passo de estarmos seguros do outro, serenamente.
O teu nascimento foi uma bênção, ver-te crescer foi a alegria maior que o teu pai teve, pena que não fosse por muito tempo...
Emocionada, sorriu para a filha, levantou-se e saiu para o jardim.
O fim de tarde estava ameno, havia flores e os cheiros eram suaves e a brisa calma. Pensar que estivera a um passo, pequeno, de vender aquela que seria a mansão do seu contentamento!

3 comentários:

Anónimo disse...

É bom ler-te!! _ beijo grato, IO.

Carlos Gil disse...

É bom ler-te? Ler-te é bom, é fresco, eu lia estas 'memórias' e tinha a perfeita sensação que... depois fechei a pensar que, afinal, são certamente é memórias duma Escritora. Não é o primeiro nem o segundo texto que aqui me fascinam, me prendem, surpreendem, agarram até à última letra. Beijão.

Anónimo disse...

isso é uma merda mais a minha merda é melhor o que eu quero saber é quem de voçes quer transar comigo eu tenho 13 anos mias não vai ser pedofilia pois nem mais virgem eu sou mais eu quero é curtir a vida transado especialmente no dia das crianças, a eusou de bragança-pará estudo na argentina perreira