14.1.05

Os remediados

Nasci, cresci e vivi no meio de uma família de remediados.
E essa “doutrina” acompanhou-me para o resto da vida, com algumas escapadelas que me deixam, ainda hoje, problemas de consciência.
"Se não há, remedeia-se", e lá se iam inventando soluções para suprir às vezes necessidades imediatas.
“No poupar é que está o ganho”, diziam à minha volta e como de pequenino é que se torce o pepino…hoje continuo uma mulher poupada, daí que não me sinta muito infeliz por não conseguir ter aquelas coisas que decididamente estão acima das minhas posses.
As minhas ambições são de outro caris, bem mais humanas.
Aprendi ao longo dos anos truques que levam os outros a pensar facilidades que não existem e a conseguir por meios bem mais modestos resultados satisfatórios.
Enfim, coloco sempre na balança, como qualquer praticante do remedeio, as minhas prioridades e não me tenho dado mal.
Claro que penso ás vezes que se tivesse arriscado um pouco talvez tivesse conseguido outras metas e hoje pudesse estar mais à vontade na vida, mas lutar um dia “per si” também nos faz sentir vivos.
E no fim de contas ser remediado não é ser indigente ou necessitado, é “remediar” com o que se pode ter e não ser infeliz por isso.

1 comentário:

Anónimo disse...

As minhas ambições são de outro caris, bem mais humanas _ e, neste campo, não há truques que valham. Ou se merece ou... Um beijo do tamanho das tuas ambições, th!!!, IO.