Quando, por volta de 1949, tendo eu então os meus 16/17 anos, resolvi ir ao cinema sozinha, foi como se tivesse conquistado um troféu, o de rapariga emancipada!
Lembro-me de ter pedido à arrumadora para me dar um lugar ao lado de uma senhora, como convinha, pedido que ela satisfez, com um certo alívio, penso eu agora.
Passava no Cinema Rivoli, no Porto, um filme italiano que eu tinha muito interesse em ver.
Recordo ainda passagens do argumento: jovens candidatas a qualquer coisa ocupam toda uma escadaria, que acaba por desabar, e são as histórias de algumas que nos são narradas, em pinceladas dramáticas, sendo a mais dramática de todas a de uma jovem que, tendo-se drogado, acaba por morrer.
Em geral as sessões tinham dois intervalos, e era na 1ª parte que sempre se exibiam as notícias e os documentários. Alguns cinemas, no intervalo tinham música ao vivo. O fosso da orquestra levantava e os músicos apareciam vindo, como por milagre, das profundezas.
Foi a época da nouvelle vague e do neo realismo italiano, cinema de culto duma juventude virada para os simples divertimentos e os inocentes "jogos", dos bailes com suas valsas, tangos e fox-trotes e dos amores castos.
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2 comentários:
1949, bravo, th! _ sabes que, ainda hoje, há 'senhoras' que não o fazem?... sabes.
Gostei muito do teu postal!! _ IO.
Na tela era o tempo da bellissima Silvana Mangano, que aprendi a gostar pela mão da minha mãe.Elsa.
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