12.8.05

2º capítulo

A VIAGEM


Meia estremunhada, meia a dormir, meia acordada… (três meias, não pode ser, não sei como dizer, enfim…) 1/4 estremunhada, ¼ a dormir, ¼ acordada e ¼ espantada (agora sim, está certo…) MG vestiu-se, embora só mais tarde tenha reparado que tinha vestido tudo ou do avesso ou de trás para a frente, e as cores com que sempre tinha um cuidado meticuloso para que condissessem, eram a maior miscelânea possível. Porra, demoraste uma eternidade! Ana Rita, que nem falava em calão, esperava-a dentro do carro, trancada, fumando nervosamente um cigarro, embaciando os vidros e só deu conta de MG quando esta lhe bateu na janela. Acomodou o pequeno saco, não tivera tempo para pensar direito o que seria mais necessário, e ainda não tinha colocado o cinto já AR arrancava a toda a velocidade dizendo: tens que me ajudar! Tanto travou e arrancou que acabou definitivamente por acordar a amiga, como se fosse um valente abanão, para o que também contribuiu o ar fresco da madrugada. Quando finalmente conseguiu dizer alguma coisa foi com vozinha ensonada e gemebunda que perguntou: o que se passa? O que se passa? O que se passa? Os gajos estão a querer passar-me a perna, caraças. Não estranhaste eu não te falar há tantos dias? Tive que ir ao Norte, mulher, eles estão a querer aldrabar-me.
Eles, quem? Ana Rita não vais muito depressa? Olha a camioneta do lixo…olha que é duplo homicídio, de curiosidade e de lixeira…
-tu ainda não dizes coisa com coisa M. da Graça, vamos tomar um café…e nesse preciso instante guinou para dentro do parque duma estação de serviço; iam morrendo não fosse uns turistas de roulote desviarem o necessário para não chocarem de raspão. Saíram do carro meio a tremer, Ana Rita riu em surdina e comentou…foi por pouco, tivemos sorte.
Só quando o segundo café começou a fazer efeito que MG, em tom firme e dedo em riste exigiu:
-agora vais-me contar direitinho, tintim por tintim o que está a acontecer e porque precisas da minha ajuda.
São os gajos da empresa, menina, os meus sócios querem abrir falência e eu tenho a certeza que aqui há marosca. Preciso de ti para me fazeres uma auditoria àqueles papéis, que eu não entendo nada. Num trabalhaste nas finanças? Então, és a pessoa indicada para me ajudar.
-mas…
-não há mas nem meio mas, vamos já para lá.

(eis portanto que elas aí vão, embora a viagem não vá ser tão simples como isso…)

2 comentários:

Mocho Falante disse...

É engraçado vir aqui ler capitulos de histórias.... agora fiquei curioso com o final, ainda por cima vou de férias e s+o posso ler o resto quando voltar

:-)

Anónimo disse...

esta mulher sabe agarrar até a mais impresível das leitoras, reconheço lol