AS AMIGAS
É quando se tem tudo para se ser feliz, que se não é…
Era assim que pensava Maria da Graça enquanto ouvia o lamuriar da amiga, havia já duas horas.
As duas se tinham encontrado como de costume, encontro que só motivo grave impediria.
Eram amigas de longa data, mais precisamente do tempo do último ano do liceu. A propósito de uma festa de aniversário de uma colega tinham começado a conversar, encontraram pontos comuns na maneira de pensar, nos interesses e assim nasceu aquela amizade.
Inês tinha casado, depois do terceiro filho divorciou-se, casou-se segunda vez e enviuvou passado um ano dum empresário do Norte, que a deixou milionária.
Com os três filhos independentes, casados ou com uma carreira promissora, os netos sendo projecto mais para o futuro, Inês Rita viajava durante metade do ano e na outra metade sempre em festas, pequenas estadas na praia ou no campo.
Em contrapartida Maria da Graça sempre fora uma funcionária pública, enfastiada do serviço, nunca casara e os poucos relacionamentos que tivera foram algo de muito pouco consistente.
Agora, já reformada, lamentava ter sido a âncora da família, aquela para quem toda a gente se voltava em hora de aflição. Acabara por criar um sobrinho que ficara sem mãe muito pequeno, filho do seu irmão Joaquim, tendo sido com ele que experimentara as alegrias e as dores da maternidade.
Eram, portanto, poucos os amigos com quem privava e Inês Rita era das poucas pessoas com quem lhe dava prazer conviver. Ambas se divertiam naquelas tardes de chás, compras e cinema, ou simples conversa para passar tempo.
Estranhava pois Maria da Graça que naquele dia Inês se queixasse tanto disto e daquilo e a deixasse muda de espanto e estupefacção. Começava já a ficar um pouco cansada quando se despediram, sem que Maria da Graça tivesse sequer pronunciado meia dúzia de palavras. Era a primeira vez que assim acontecia, que se despediam com qualquer coisa no ar que nenhuma delas conseguiu definir, qualquer coisa por dizer ou dita a mais, como se estivessem passeando em areias movediças.
Havia ali qualquer coisa que não estava certa, desconhecia aquela faceta da amiga e por isso, logo na manhã seguinte telefonou-lhe. Não a encontrou nem no telemóvel, que estava desligado.
Nem no dia seguinte, nem no outro…passaram 5 dias e Maria da Graça começou a ficar muito preocupada e mais ficou quando lhe começaram a telefonar à procura dela, os outros amigos.
Eram 5 da manhã, o telefone toca…era Inês Rita:
-não digas nada, mete umas quantas coisas num saco, o indispensável só e desce, preciso de ti…
(já sei que tenho que acabar a história, mas ainda não sei como vai ser...p.f. tenham um pouco de paciência, que estas duas vão aprontar, lá isso vão...mas ainda é mistério)
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3 comentários:
A primeira frase prendeu de imediato a minha atenção. E tens que acabar sim senhor!
Beijinho,
José Carlos.
Fiquei sem fôlego, querida th. Escreves tão bem! Voltarei para ler o desfecho e agora deixo um beijinho muito doce pela doçura da tua amizade. Hoje estou muito feliz e tu és uma das pessoas que contribuiu para isso, Amiga :)
Theozinha já li o 2º. episódio e e estou em pulgas...
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