2.7.05

O Velho Burgo

Isto de uma pessoa prometer uma coisa é sempre complicado, principalmente se faz questão de cumprir, por uma razão de honra, aquilo a que se comprometeu.
É o caso de eu ter dito que após colocar aqui as fotos da minha ida ao Porto as palavras viriam, naturalmente, para dar mais colorido à narrativa fotográfica.
Só que por vezes somos ultrapassados pelos acontecimentos, e por isto ou por aquilo a promessa fica adiada e nem sempre tem já actualidade.
Por esta mesma razão vou só colocar aqui uma pequena resenha daquilo que se me ofereceu ver e sentir, que isto de sentimentos não são aquelas pequenas estórias com que me propus aqui brincar um pouco.
A MINHA CIDADE ESTÁ VELHA!
E pior do que isso, está degradada, mal cuidada, há coisas lindas que se vão perdendo.
O parque habitacional está ao abandono, prédios inteiros, no centro da cidade, esventrados, a cair aos bocados, senão só as fachadas restam. Lojas que outrora foram de comércio promissor são hoje assaltadas por vandalismos de toda a sorte.
Mostrei-vos a casa onde nasci, escorada, sabe-se lá desde quando e até quando; a Escola Primária, talvez por estar instalada no edifício da Junta de Freguesia, está bem conservada e tem lá, se não me engano, um infantário. Já da Antiga Escola Comercial de Oliveira Martins, há muito demolida, na Rua do Sol, resta apenas a entrada que dá para um terreno baldio onde um gato lazarento se espreguiça ao Sol e uns sem abrigo estão instalados à sombra da estrada aérea que atravessa o antigo recreio. Depois da casa do Bonfim fomos morar para Stº Ildefonso, casa que está recuperada e em muito bom estado, até a grade do terraço é a mesma.
Em compensação há coisas muito modernas e muito bem conseguidas como é o caso do Metro, que é em grande parte à superfície, muito eficiente, sendo a Estação de Campo 24 de Agosto, local digno de visita recomendada.
O Funicular leva-nos Guindais acima e abaixo, proporcionando-nos uma vista deslumbrante. Enquanto descemos podemos ver já a Ponte D. Luís I coberta de andaimes, a ser preparada para receber o Metro.
A Foz é sempre aquela beleza, percorri a costa desde a paragem do Aquário (fui de autocarro da paragem do Metro, em Matosinhos) até um pouco antes de onde era o Restaurante Varanda da Barra. A velhinha Pérgola, na sua curva dengosa precisa apenas de um pouco de maquilhagem e as praias estão gostosas, e o Mar…ai o Mar da minha terra é tão bonito!!!
A Rua Stª Catarina estava animada, turística, com o Café Magestic aberto para a rua, assim eu pude fotografar o seu interior. Gostei de passear e almoçar no Bolhão, o velho Mercado parece que vai ser remodelado e só espero que poupem a sua linda escadaria. A Estação de S. Bento é um regalo para os olhos, já aqui falei dos seus azulejos, e como a mim mesma prometi, fui à procura das miniaturas…e lá estão elas!
A noite de S. João esteve muito animada e o fogo de artifício, principalmente o de Gaia, foi Luz e Espanto! Há muito não passeava de Alho-porro pelas ruas do Porto, em noite de S. João e gostei.
Foi o encontro procurado e o possível reavivar recordações, mas o presente é o que realmente me importa, o que resta na minha memória do meu tempo de menina é muito estimado, tem um lugar próprio e não é o desgaste de hoje que o vai alterar.
Talvez por isso conservo ainda uma certa inocência de jovenzita, um espanto perante o mundo novo, uma certa credulidade. E assim quero continuar…


(não deixem de ver as FOTOS neste grupo, são sete páginas)

3 comentários:

Carlos Gil disse...

Vai contando devagarinho, sabe melhor... nós não temos pressa, sabemos o que valem as memórias. Beijo

Mocho Falante disse...

Concordo o Carlos, é que não temos pressa nenhuma e o prazer de sempre aqui voltar é imeeeenso

Anónimo disse...

Lamentavelmente comungo da mesma opinião que tu.
E uma pena, de facto. O PORTO seria muito mais bonito, SE
entretanto se conservassem os seus estilos para que a sua caracteristica pudesse ser mantida.
Mas eu vivo cá e vou-me acostumando. (que remédio)
Beijinhos
(josemanuelbastos)