13.7.05

Co-Existir


Há dias que uma pessoa não pode deixar passar sem o assinalar como um dia diferente, no mínimo.
Assim foi que hoje prontinha para sair, em gozo de folga não só merecida, mas ansiosamente precisada de ser um meio de descanso e divertimento, tento abrir o carro e “nickles”, o silêncio só quebrado pelo chilrear dos passarinhos, que os há graças à pouca poluição aqui existente e algumas árvores que lhes dão guarida e a nós sombra.
Cabisbaixa e pensativa recuei arquitectando estratégia, tentando ao mesmo tempo encontrar a razão daquele amuo.
O calor aperta e enquanto caminho telefono à filhota na esperança que a chave que está na posse dela seja mais eficaz.
Dois andares de cansaço acima eis que se me mostra infrutífera a procura no chaveiro do duplicado, sonhado ser a solução do problema.
Talvez esteja na garagem, mas para lá ir “é necessário procurar no meu carro o comando”, diz ela.
Dois andares a descer já seria mais fácil não fosse o tropeçar e de repente eu ter encurtado dois ou três degraus, mas deu tempo de pensar…talvez fosse da pilha!
Procura-se uma ourivesaria, passa da uma, só no Centro Comercial…que não senhora, não é da pilha que até a luz acende.
Se a luz acende vamos tentar de novo, talvez não carregasse bem da 1ª vez.
A luz acende, mas a porta não abre. Tenta-se manualmente, mas nada de arranque…fica-se com cara de parvo(a) e olha-se em redor para ver se alguém é testemunha de tal vergonha…
Foi quando ouvi uma voz vaticinando que era do código (acontece muito com esses carros) é preciso bater com a chave…espere, eu vou aí abaixo…
Desceu o anjo do 1º andar do Céu e…isto é bateria, diz o anjo depois de aberta a bocarra do meu “QueLido”…a senhora vai ali (disse onde) que compra uma bateria bem mais barata, se quiser eu vou consigo que isto é como eu digo sempre “temos de ser uns para outros”, coisa de que as pessoas já se esqueceram.
Eu vou só almoçar e dentro de meia hora volto e vamos lá, e não é que voltou mesmo! e como demorou um pouco mais até pediu desculpa.
Deu indicações ao ajudante para não interromper os trabalhos (estava a montar um aparelho de ar condicionado), desmontou a “desmancha-prazeres” e lá fomos os dois à busca de energia…e lá estava ela, entre as manas e veio contente nos braços daquele homem simpático a quem eu não podia ofender, oferecendo-lhe uma remuneração.
Foi ele mesmo que a montou e afinou e o meu carro agora pronto para o passeio gargalhou de contente.
Hoje reconciliei-me um pouco com o ser humano, a minha taça de esperança ficou mais cheia apenas porque pelo menos existe um homem que não se esqueceu que “devemos ser uns para os outros”

6 comentários:

José Monteiro disse...

Nesta aridez que nos asfixia deparamos de vez em quando com um oásis que nos mitiga a sede. Hoje foi um desse dias para ti Théo.
Beijinho.
José Carlos.

Carlos Gil disse...

É assim... de vez em quando, por motivos mínimos, voltamos a acreditar no ser humano para outras razões maiores. E ainda bem.

Leonor disse...

ola theo
li o teu texto. impecável. bem escrito. adorei.tanto... que o li novamente

beijinho da leonor

Mocho Falante disse...

e viva a vizinhança!!!!

Caracolinha disse...

VVVViiiivvvvaaaa !!!!

Margarida Bonvalot disse...

É assim, amiga. Às vezes acontecem destas coisas que nos compensam de muitas outras exactamente opostas. E que nos fazem sentir felizes por estar vivos.
Beijinho.