Ao atravessar ontem, de carro, a parte velha de Oeiras ouvi o sino da Igreja tocar para a missa, presumo.
Não era um trinar triste de funeral, também não me pareceu alegre como se de um casamento ou baptizado se tratasse, que isto de sinos tocam conforma a ocasião.
Quando, em pequena, morava na Rua do Bonfim ouvia o sino da Igreja onde fui baptizada e fiz a 1ª comunhão; sabíamos sempre quando morria alguém e ia a enterrar e ao Domingo era ouvi-lo alegre como uma sanfona de festa a chamar para a missa. Foi na capela ao lado que vi a minha mãe pela última vez, quieta no seu sossego, descansando por fim das agruras duma vida não muito fácil. Tinha sido lá que ela se tinha casado aos vinte e um anos e onde ia à missa todos os Domingos.
Todos os anos, no mês de Maio, íamos às novenas de N. Senhora de Fátima e pela Páscoa, no sábado de Aleluia, pela manhã, não faltávamos à missa e ao destapar das Imagens e Vitrais, deixando entrar a luz e o som do sino em Alegria!
O sino tocou quando pela primeira vez fui a um funeral. Era de uma menina, minha colega na Escola Comercial, foi muito triste ver aquela multidão de meninas a acompanhar o cortejo fúnebre e ver aquelas mulheres de negro, as carpideiras, gritando a lamuriando, enchendo as ruas do Bonjardim e Fernandes Tomás até à Trindade.
No Porto, na minha meninice não eram exactamente os sinos duma aldeia, mas dado a quase ausência de trânsito de automóveis, ouviam-se à distância e toda a gente conhecia a sua linguagem.
Ontem deixei-me acariciar pelo som daquele "sinar", foi como se uns braços grandiosamente ternurentos me envolvessem.
Vou voltar lá, àquela hora...6 da tarde!
(a foto é da Minha Igreja do Bonfim...)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
th
Que bem escrita está esta história do tempo.
Enviar um comentário