9.11.10

PRESENTE DE ANIVERSÁRIO


Presente de aniversário

ou talvez não...

Caminhava como se não pousasse os pés, não sentindo a calçada...
A roupa, colada ao corpo suado, angustiava-a, sem peso e sem côr...
Olhava em frente, sem sentir o ar em volta de si, nem os outros.
Anestesiada de agonia, notícia há pouco divulgada:
ela tem câncer...ela só tem uns poucos meses de vida...
Agora que finalmente a encontrara, a perdia...
a sua mãe, aquela que a pariu numa manhã chuvosa e sem esperança de luz.
Ficara entre lençóis de monograma impresso a tinta marron,
a sua mãe, aquela que numa manhã sem Sol a dera para o mundo,
a dispensara como um fardo que não se pode carregar,
tamanho o peso e a desgraça...
Finava-se a sua mãe, a que dera o sopro da vida, mas não a vida madrasta
que tivera...
Caiu de joelhos, na calçada, depois todo o torço se curvou,
em oração!

1 comentário:

IO disse...

Venho tarde, mas a tempo de te dizer que gostei muito do que acabo de ler.
Beijo,
IO