27.8.06
Voltar...de novo
(para o Gil, que não gosta de mortes às primeiras penadas...)
…donde não voltou a mesma mulher, despreocupada, fútil e egoísta que sempre tinha sido.
Quando acordou do pequeno desmaio já havia gente à sua volta, falando e dando sugestões…deixem-na estar deitada, ponham qualquer coisa debaixo da cabeça, já chamaram uma ambulância?
O automobilista, mesmo sem ter tido culpa alguma, acompanhou-a ao hospital donde só saiu depois de saber o resultado dos primeiros exames, que eram tranquilizadores.
Ao cair tinha batido com a cabeça de raspão no passeio, mas não tinha sido grave.
Fora a combinação de analgésicos e o álcool a causa da tontura e possível quebra de tensão.
Só quando chegou a casa, passadas umas cinco horas é que se lembrou que no Bar ninguém sabia do que se tinha passado com ela, que sendo sempre tão pontual, só podia ser algo de grave ou impossível de comunicar.
Pediu dois dias de repouso, precisava de arrumar a alma.
Foram esses dois dias que serviram para mudar o que lhe pareceu que tinha de ser mudado ou corrigido, era jovem, estava a tempo de tomar outro rumo.
Para começar precisava de arranjar novo emprego, de dia, comprou jornais, respondeu a anúncios, deu uma volta pelo shopping mais perto e inscreveu-se em vários sítios, onde pediam empregada.
A cabeça doía-lhe um pouco, mas evitou de tomar fosse o que fosse para que não lhe acontecesse o mesmo da noite anterior.
Recebeu uma chamada do automobilista que quase a atropelara, a saber do seu estado, o que lhe foi grato, já que neste mundo-cão há muito poucas pessoas assim. Só esse facto lhe deu animo para seguir em frente com a mudança que queria operar na sua vida.
Não vamos saber se conseguiu o “tal” emprego, se mudou de vida, este não é um conto moralista, é antes um episódio que podia acontecer a qualquer nas mesmas circunstancias, pegar nessa vivência e fazer dela uma viragem é que pode dar romance, que a mim não me apetece escrever.
Os condimentos estão aí…à vossa imaginação fazer a estória.
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