26.8.06

Voltar!


Vai começar a preparar o jantar, mas antes coloca um copo de pé alto, sabe melhor, ao lado na bancada e enche-o com o vinho tinto que comprara à tarde no supermercado. Está à temperatura ambiente, como convém, e deixa-o um pouco a abrir, para apurar sabor e aroma.
Retira da embalagem o queijo e coloca pequenas quantidades em tostas miniatura que dispõe num prato.
A cena está montada, com vagares de gourmet toma um pequeno golo, que saboreia, para aquilatar da qualidade do néctar, que obtém a sua aprovação, muito embora o classifique de mediano, servindo para a ocasião.
Findo o frugal jantar e com dois copos a acompanhar, a sua maior preocupação, a caminho do emprego, era não dar nas vistas, não dar a entender a quem a visse que bebera um pouco mais da conta.
Era essencial manter a postura, o equilíbrio, a linha recta.
As passadas faziam restolhar as folhas caídas pelo chão, dentro da sua tonta cabeça parecia que todo o mundo parecia ter os olhos postos em si, em desaprovação.
Mas não, o desequilíbrio era a consequência do vento que soprava forte neste fim de tarde outonal.
Compôs o cabelo, que esvoaçava, fechou os olhos por momentos, apenas ouviu o chiar dos pneus e a queda no vazio donde não voltou...

1 comentário:

Carlos Gil disse...

xiii... começa bem, começa... matas a heroína ao segundo copo, ou há sequela com ementa hospitalar? eheh
(quro ver o que vai daqui sair...)