-Ninguém lhe iria perdoar se não escrevesse um conto relativo à época de Natal, qualquer coisa enternecedora, que não fosse muito piegas, mas também não muito dramática. Assim abriu o computador portátil, colocou os dedos nas teclas e dispôs-se a transcrever o que fluísse dum cérebro já cansado de contos e inventos. Primeiro a paisagem, os personagens, depois o enredo. Uma aldeia bem longe de qualquer grande cidade, pelo seu bucolismo, era sempre uma boa aposta, e nessa aldeia haveria sempre personagens à altura de um bom conto, segredos por desvendar, pobres e ricos, contas antigas para saldar.
Assim nasceu no sopé da Serra, uma qualquer Serra servia para o caso, e é sempre uma imagem bonita, uma pequena aldeia donde a maior parte dos habitantes de menos de trinta anos tinha já debandado para a cidade ou para o estrangeiro. Ficaram os velhos e os muito pequenos à guarda deles, só por alguns meses, diziam os pais, que partiam em busca de uma vida melhor, chamados pelos cunhados ou tios que se tinham dado bem naquelas terras distantes, apesar das saudades do bom vinho tinto, dos enchidos, da broa e até do bacalhau. Quando Zefo partiu, para não perder uma boa oportunidade de trabalho, Manuela ficara grávida de seis meses e uma vida grávida de dívidas, que aos poucos foram sendo pagas com o dinheiro que Zefo mandava lá de fora. O Natal estava quase a chegar e Manuela, no fim do tempo, esperava que o seu homem pudesse ainda vir a tempo de assistir ao parto que se avizinhava e tão esperado era por toda a família, pequena, mas unida.
-Olhou para o monitor e achou a história demasiado banal, demasiado idêntica ao presépio que encimava a chaminé da sala onde costumava escrever os seus contos. Tinha que dar vida às figuras de barro que a compunham, torná-las verdadeiras, sofredoras, de carne e osso. Continuaria no dia seguinte, o cansaço era grande e as ideias pobres e custosas. Acordou no dia seguinte cheio de imagens, tivera um sonho em que Manuela dera à luz dois bebés, em vez do esperado rapaz.
Mas Manuela entrou na maternidade já com o parto a decorrer, pois a ambulância tardou de ter ido levar o Ti Jaquim ao Hospital, com uma crise de pedra no rim, que o fazia dar gritos de animal. E foi assim que Zemanelito nasceu, uma semana antes de Natal, pai ausente, em terras de França, conduzindo um camião cheio de brinquedos para a pequenada. Pela estrada fora Zefo só pensava na hora de voltar, só dois dias depois é que soube que era pai de um rapagão que tinha deixado exausta a mãe ao nascer.
-Tinha saído de casa à pressa por causa daquele telefonema estranho que desde manhã lhe não saia do pensamento. Fora procurar um amigo da Embaixada para procurar saber alguma coisa do filho e neto, já que a nora sabia-a em Paris, com os pais. Olhou para o computador, mas definitivamente o conto teria que esperar, mas precisava de ir à net em busca de ajuda, alguém, alguma comunidade do médio oriente que o elucidasse sobre o que se estava a passar, se é que o assunto já seria público. Passou a tarde nas suas buscas e só à noite, depois do filho lhe ter telefonado, conseguiu disponibilidade para escrever um pouco.
Na antevéspera de Natal Manuela foi para casa com seu bebé nos braços, sem no entanto ter tido notícias do seu homem. A sogra e a mãe revezavam-se nos cuidados ao bebé, era o primeiro neto e há muito que não havia crianças na família. Neste momento os telefones tocam em casa do contista e em casa de Manuela, ansiosos ambos atendem na esperança de ouvir notícias daqueles entes que tão longe os preocupam por falta de uma palavra apaziguadora quanto aos perigos que no estrangeiro ambos correm. Zefo ri às gargalhadas, de contente, quando sabe do nascimento do filho, embora triste por não poder estar presente a quando do parto; partirá no dia seguinte a tempo de passar a ceia com a família.
-O mesmo já não sucede ao filho e neto do escritor que, apanhados no meio duma insurreição, as fronteiras fechadas, aviões que não levantam voo e com militares por todo o lado, dificilmente conseguirão sair do país. Eles esperam ainda poder fugir, atravessar pelo único sítio que sabem ainda não estar vigiado, de carro talvez, atravessar para França, chegar a Paris a tempo de se juntarem aos demais familiares.
No aeroporto gente que tenta à última hora uma passagem a mais para aqui ou ali, abraços aos que chegam, a longa espera doutros pelo avião que se atrasou…
Com o computador na bagagem Maurício embarca, sem no entanto ter a certeza que vai ver toda a família, pois nas últimas 48 horas o telefone permaneceu mudo.
A nora esperava-o no aeroporto, mas sem noticias a não ser aquela de alguém que a tinha avisado que marido e filho tinham partido em segurança, mas clandestinamente, para o país vizinho, donde esperavam obter transporte para França.
Contarão depois que ainda foram interceptados quase a chegar ao lado de lá, mas escondidos sob fardos de mercadorias não tiveram mais problemas e estão agora nos braços comovidos de quantos os que nestes dias sofreram ansiosos pela sua chegada.
Os últimos quilómetros foram feitos à boleia, num camião de um português que estava de partida para Portugal, onde há dias lhe tinha nascido um filho.
Há Natais assim!
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9 comentários:
Esta é uma publicação de uma revista internacional chamada “Despertai!” vem sendo publicada, sem interrupções, há mais de 80 anos que tem por objetivo deixar informado todos os que gostam e se interessam saber a origem e o porquê do que comemoram.
Não se tem o objetivo de contestar o direito que cada um tem de comemorar ou não o Natal. Mas vc realmente sabe ou entende o que significa o NATAL? VEJA.
O Conceito da Bíblia
O que você deve saber sobre o Natal
MILHÕES de pessoas ao redor do mundo se preparam para o Natal de 2005. Talvez você seja uma delas. Ou pode ser que não tenha o costume de celebrar essa data. Mas de qualquer forma, é quase impossível não ser de alguma maneira afetado, pois o Natal permeia o mundo do comércio e do entretenimento, mesmo em países não-cristãos.
O que você sabe sobre o Natal? Existe base bíblica para comemorar o nascimento de Cristo? Qual é a origem dessa celebração popular?
Celebração proscrita
Se você fizer uma pesquisa sobre o assunto, descobrirá que o Natal não tem raízes no verdadeiro cristianismo. Isso é reconhecido por muitos eruditos da Bíblia de diversas denominações religiosas. Em 1647, o Parlamento inglês decretou que o Natal deveria ser um dia de penitência e, em 1652, o proscreveu de modo terminante. De 1644 a 1656, o Parlamento se reunia propositalmente no dia 25 de dezembro. Segundo a historiadora Penne L. Restad, “os ministros religiosos que pregassem sobre a Natividade se arriscavam a ser presos, e quem decorasse a igreja era multado. As lojas tinham de abrir no Natal como em qualquer outro dia”. Por que essas medidas drásticas? Os reformadores puritanos acreditavam que a Igreja não devia criar tradições que não tivessem base nas Escrituras. Pregavam e distribuíam publicações que denunciavam as celebrações de Natal.
Medidas similares foram adotadas na América do Norte. Entre os anos 1659 e 1681, o Natal foi proscrito na Colônia da Baía de Massachusetts. Uma lei promulgada na época proibia toda e qualquer observância do Natal, e os violadores eram multados. Os puritanos da Nova Inglaterra não eram os únicos que não celebravam a data; alguns grupos das colônias médias adotavam a mesma postura. Os quacres da Pensilvânia eram tão radicais quanto os puritanos no seu conceito sobre a celebração. Certa fonte diz que “assim que os americanos conquistaram a independência, Elizabeth Drinker, que era quacre, classificou os habitantes da Filadélfia em três categorias: os quacres, ‘que consideram o [Natal] como qualquer outro dia’, os que o comemoravam por uma questão religiosa e os demais, que faziam do Natal ‘uma ocasião para farra e intemperança’ ”.
Henry Ward Beecher, renomado pregador americano que foi criado numa família calvinista ortodoxa, só veio a conhecer o Natal com 30 anos. “O Natal nunca fez parte da minha vida”, escreveu em 1874.
As primitivas igrejas batista e congregacionalista também não celebravam o nascimento de Cristo por entenderem que não havia base bíblica para isso. Certa fonte diz que a Igreja Batista de Newport (Rhode Island) só veio a celebrar o Natal em 25 de dezembro de 1772. Isso foi quase 130 anos depois da fundação da primeira igreja batista na Nova Inglaterra.
A origem do Natal
A New Catholic Encyclopedia (Nova Enciclopédia Católica) reconhece: “A data do nascimento do Cristo não é conhecida. Os Evangelhos não indicam nem o dia nem o mês . . . Segundo a hipótese sugerida por H. Usener . . . e aceita pela maioria dos peritos hoje em dia, designou-se ao nascimento de Cristo a data do solstício do inverno (25 de dezembro no calendário juliano, 6 de janeiro no egípcio) porque, nesse dia, à medida que o sol começava seu retorno aos céus setentrionais, os devotos pagãos de Mitra celebravam o dies natalis Solis Invicti (aniversário natalício do sol invencível). Em 25 de dez. de 274, Aureliano havia proclamado o deus-sol como o principal padroeiro do império e dedicou um templo a ele no Campo de Marte. O Natal surgiu numa época em que o culto ao sol era particularmente forte em Roma.”
A Cyclopœdia de M’Clintock e Strong diz: “A observância do Natal não foi divinamente instituída, nem se origina do N[ovo] T[estamento]. O dia do nascimento de Cristo não pode ser determinado pelo N[ovo] T[estamento], nem, deveras, por qualquer outra fonte.”
“Vão engano”
Em vista do que foi considerado, devem os verdadeiros cristãos participar das tradições do Natal? Agrada a Deus misturar Sua adoração com crenças e práticas dos que não o adoram? O apóstolo Paulo deu o seguinte aviso em Colossenses 2:8: “Acautelai-vos: talvez haja alguém que vos leve embora como presa sua, por intermédio de filosofia e de vão engano, segundo a tradição de homens, segundo as coisas elementares do mundo e não segundo Cristo.”
Ele também escreveu: “Não vos ponhais em jugo desigual com incrédulos. Pois, que associação tem a justiça com o que é contra a lei? Ou que parceria tem a luz com a escuridão? Além disso, que harmonia há entre Cristo e Belial [Satanás]? Ou que quinhão tem o fiel com o incrédulo?” — 2 Coríntios 6:14, 15, nota, NM com Referências.
Em vista das irrefutáveis evidências disponíveis, as Testemunhas de Jeová não participam das celebrações de Natal. Em harmonia com as Escrituras, esforçam-se a praticar “a forma de adoração que é pura e imaculada do ponto de vista de . . . Deus”, por manter-se “sem mancha do mundo”. — Tiago 1:27.
Oh boy...
Boas Festas!
a) Parabéns elo teu, que o meu 'José' está como estava... fica para o Carnaval;
b) ... e do que me safei, de levar com o 'testemunho' das apocalípticas Testemunhas de Jeová;
c) um bom Natal para ti e todos os teus leitores, afinal também uma 'família'
Um beijinho muito natalício, hoje dia vinte e cinco do Natal!
Eu sei que tens até Menino Jesus de verdade!
Um beijo e votos de muitas felicidades para ti e para os que sentes teus, seja via-sangue, seja via-coração!
ola theo. ja deves estar cansada de me ouvir a dizer isto. mas repetirei vezes sem conta. gosto muito muito da tua escrita: simples, bonita que prende.
e olha, a ana e a leonor nao se zangam. nao podem. seria contranatura, rsssssssss
beijinhos da leonoreta
Bom ano.
Venho desejar um encaracolado 2006 ... enrroladinho em coisas boas, cheio de alegria e boa disposição, força, amigos, amores, dinheiro, perspectivas, saúde, muita farra e ... dizer-te que foi um enorme prazer contar contigo na casquinha ...
Que um mar de felicidade inunde as vossas vidas no próximo ano !!!!
Beijoquinha muito encaracolada em coisas !!!! ;)
Minha querida, venho aqui de fugida desejar um excelente 2006 com tudo de bom
beijocas
Querida Th: agora que já nos safámos do Natal só há outro para o ano que vem e, até lá, desejo-te um ano de alegrias, de amor e saúde e também de belos posts. Um beijo com amizade
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