20.1.06

STOP!


Faz hoje 2 anos que deixei de fumar, precisamente no dia 20 de Janeiro de 2004.
Acendi um cigarro e a meio decidi que já não o ia fumar até ao fim.
Quando me apeteceu o seguinte, disse para mim mesma: este não vou acender!
E assim um a um fui deixando de consumir o maço e tal que fumava por dia.
Fez-me falta a companhia ao princípio, nas minhas noites solitárias.
Até hoje não prevariquei e estou em crer que o vício se extinguiu para sempre.
Por esse motivo hoje posso dizer que estou muito contente comigo mesma e muito orgulhosa.
Não vou dar conselhos a ninguém nem sequer fazer apologias, apenas lhes digo que houve várias coisas que melhoraram substancialmente, a começar pela saúde e pela bolsa.
Como recordação ficaram as paredes amarelas, as roupas com buracos de queimaduras e o meio cigarro que não fumei até ao fim.

18.1.06

Maio


A primeira vez nem sequer se apercebeu bem do que aquele ruído pudesse ser.
Há ruídos a que nos habituamos e que nunca questionamos, são os de casas velhas, em velhas ruas.
Mas à medida que os dias passavam aquele ruído, por ser sempre igual, e à mesma hora, começou a intriga-la.
Percorreu a casa, escutou as paredes, até veio ao corredor apurando o ouvido, mas nada, a origem daquele matraquear estaria por certo entre as paredes de um outro prédio.
Quando encontrou a vizinha do 2º andar perguntou-lhe se não se apercebia de algo estranho por volta das 11h da noite, a que ela respondeu negativamente, encolhendo os ombros.
Não querendo parecer louca não voltou ao assunto até que uma noite o barulho era mais nítido e vinha quase de certeza do prédio ao lado, que estava em reconstrução.
O edifício de dois andares estava desabitado pelo menos desde que fora para lá morar, mas já há uns tempos que sempre que queria saber alguma coisa acerca dele as pessoas desviavam a conversa para um outro assunto.
Estranha ao bairro tomou como assunto secreto o que àquele prédio dizia respeito.
Corria o mês de Maio e com as janelas abertas, o tempo estava já quente, todas as noites e durante escassos minutos aquele como que um sinal ecoava no ar deserto da velha rua.
Começou Junho e de repente tudo cessou.
As obras findas, a casa alugada, tudo tinha voltado ao normal.
O ano acabou rigoroso, com frio e chuva e o vento que fazia bater janelas e portas.
Maio, em que antigamente ainda se “comiam as cerejas ao borralho”, começou com dias bonitos e algum calor.
E foi então que de novo começaram as batidas, sempre às 11h, mais minuto menos minuto.
Ao fim de uma semana ganhou coragem e foi bater à porta do prédio. Quem veio atender foi um miúdo, de calções e trazendo a tiracolo um tambor de brincar no qual tamborilava fazendo o ruído que de sua casa ouvia.
Só passados dois dias reparou que a casa estava à venda. Já está assim há mais de um mês, disseram-lhe, mas ninguém a quer depois do que ali aconteceu ao menino, vai para dez anos.

13.1.06

A Lello & Irmão


Alertada pela revista "Sábado" vou hoje (em pensamento) até ao Porto para me juntar à comemoração dos 100 anos da Livraria Lello & Irmão, a livraria que alguns afirmam ser a mais bela do mundo.
Foi exatamente há cem anos, no dia 13 de Janeiro de 1906, ao meio dia.
No excelente blog do
Carlos Romão podem ver um post, com fotos, onde a arte deste portuense nos deixa deslumbrados.
Para uma recolha mais alargada consultem o site de António Amen

6.1.06

Élan Vital


É qualquer coisa que de vez enquando se esvai…e aí é necessário recarregar “baterias”.
O consumismo é uma consequência da falta de “anima”, é uma fuga, uma droga.
Busca-se por vezes a alienação através de mil pequenas coisas, cada um tem os seus mecanismos de defesa da monotonia que pode levar à depressão, à hibernação mais ou menos prolongada.
Pequenas fugas dentro de si mesmo até podem ser benéficas, uma pausa para a criatividade, para a produção de algo de diferente.
Cortar horizontes é encurtar a vista, as ideias, é rasgar laços que se demorarem muito a ser reatados poderão deteriorar-se.
Há depois o dilema que nos devora, nos esgota, se devemos partilhar ou não. Que dever ou obrigação temos para com os outros?
Onde nos pode levar a procura do prazer? Qual a relação com o élan vital?
Será que ele, tal como certas células, vai morrendo à medida que a idade avança, como farrapos de vida que vão ficando pelo caminho…ou em contrapartida o que fica é qualquer coisa de muito importante, tudo aquilo que ficou da nossa vivência, a nossa dádiva para o mundo?
Com o tempo começa a haver espaço para reflectir sobre assuntos que antes estavam distantes, ocupada que estava a mente com trivialidades do quotidiano, importantes sem dúvida para o momento, aquele e não este.
Sejamos teimosos em não deixar passar o tempo em vão.